Reuniu-se, em modo de crise, o triunvirato dirigente do serviço de informações e aplicou a metodologia analítica tríptica da tese-antítese-síntese. Um deles lembrou Gramsci (e só por pudor não referiu Marx).
14 junho 2018
06 junho 2018
Queimados (6)
Ao darem a estes portugueses o comando do serviço de informações, eles que percebiam do assunto exatamente através das leituras de Le Carré, achavam que havia um défice muito grande de conhecimento, de massa crítica, de know-how, de savoir-faire. E então à boa maneira leninista, na linha das leituras que faziam aos 17 anos, perguntavam-se: Que fazer?
30 maio 2018
ESTAMOS A TENTAR SER MAIS MODERNOS E ACTUAIS (3)
Sabadabadú 3/5/2018
ESTAMOS A TENTAR SER MAIS MODERNOS E ACTUAIS. É UM ESFORÇO GRANDE MAS NUNCA DESANIMO.
Muito intensos [os tempos iniciais] de aprendizagem de mecanismos e de áreas de actuação específicas.
Afinal a competência e especialização deram lugar à aprendizagem de mecanismos. Deve ser o diplomatês para "não via um boi e agora ainda vejo menos".
Apanha-se mais depressa um mentiroso do que um coxo.
Que o diga o dito.
28 maio 2018
Queimados (5)
Habituou-se a admirar a arte soviética de espiar, a ler os livros de John Le Carré sobre a Guerra Fria que, de alguma forma, admiram igualmente aquela arte cavalheiresca.
25 maio 2018
22 maio 2018
ESTAMOS A TENTAR SER MAIS MODERNOS E ACTUAIS (2)
Sabadabadú 3/5/2018
ESTAMOS A TENTAR SER MAIS MODERNOS E ACTUAIS. É UM ESFORÇO GRANDE MAS NUNCA DESANIMO.
Foi reconhecida a competência e a minha especialização nestas áreas
Como diz a malta: LOL...
Uma coisa é o benefício da dúvida. Outra é reconhecer o que quer que seja. E agora que se esgotou o estado de graça (da própria e de quem a nomeou) a única competência e especialização que se lhe reconhece é a fama que granjeou a nível nacional e internacional.
Presunção e água benta...
Um pouco de modéstia, não?
16 maio 2018
Queimados (4)
Mas nesta coisa daquilo que agora se chama capacitação não há nada como aprender com aqueles que nós pensamos que são os melhores. Quem viveu durante a Guerra Fria criou o mito do espião russo (ou soviético, ou até numa asserção mais abrangente o Homo Sovieticus) invisível, imbatível, imperecível, impassível e eficiente.
10 maio 2018
Queimados (3)
Por isso houve quem aprendesse com gente da PIDE (que se dispôs, amavelmente, a dar explicações), outros recorreram aos clássicos: o MI5 e o MI6 (britânicos), o BND (alemão), a Mossad (israelita), a CIA e o FBI (norte-americanos).
08 maio 2018
ESTAMOS A TENTAR SER MAIS MODERNOS E ACTUAIS (1)
Sabadabadú 3/5/2018
ESTAMOS A TENTAR SER MAIS MODERNOS E ACTUAIS. É UM ESFORÇO GRANDE MAS NUNCA DESANIMO
.Fiquei orgulhosa de ser a primeira mulher, mas também a primeira diplomata
Frase candidata a afirmação "pimba" do ano. O "azeite" elevado ao seu máximo expoente. Alinhada com o artirgo de fundo da revistinha. Pimba e Azeite.
04 maio 2018
Queimados (2)
Um serviço de informações que está a nascer tem de estruturar o seu know-how em referências externas. Por natureza e definição. Não pode ser doutra maneira. Os novos espiões têm de aprender com velhos espiões.
An intelligence service that is new born must structure his know-how in external references. By nature and definition. Can't be another way. The new spies have to learn with old spies.
26 abril 2018
Queimados (1)
Ao longo dos anos o serviço de informações somou disparates atrás de disparates, sempre sem que nunca fossem devidamente apuradas nem consequências nem responsabilidades. Naturalmente que nesse serviço, como em qualquer estrutura hierarquizada, à falta de um responsável direto a responsabilidade deve ser sempre assacada ao dirigente, ou dirigentes, máximo. Até porque, não raro, as boas ideias vêm exatamente dessa banda.
24 abril 2018
23 abril 2018
Fontes ofi(n)ci(di)osas
A jiadista portuguesa está presa.
Quando se lê a suposta notícia com mais atenção afinal está só retida.
E afinal as jiadistas portuguesas umas são luso-holandesas (!?), outras viviam perto de Paris (e têm um "francês escorreito", outras "podem até" pedir a nacionalidade portuguesa uma vez que casaram com terroristas portugueses (???!!).
Ficamos, porém, mais descansados ao saber que o SIS já identificou a "mulher".
Baralhados?
Ficamos todos. Mas provavelmente era essa a intenção.
Das fontes, claro.
18 abril 2018
Impressões
Sábadabadu, 8/3/2018
Todas as pessoas imprimiam documentos, independentemente do número de pessoas que os levavam para casa. Podiam ser arquivados no Servidor S, em pastas temáticas ou em fichas de individuos ou em fichas de organizações ou em fichas de assuntos.
NB. Isto é um serviço de informações ou um Casino? E as fichas não são uma coisa muito século XIX? Rastreio e indexação? AI? IoT?
13 abril 2018
A culpa é do sistema
Sábadabadu, 8/3/2018
O homem tinha uns tópicos, talvez dados pelos cerca de duzentos documentos internos do SIS encontrados nas suas residências. Obtidos do sistema de gestão de documentos - o Smartdoc.
11 abril 2018
05 abril 2018
No faz de conta é que está o ganho
Sábadabadu, 8/3/2018
A fiscalização da Comissão era feita apenas ao sistema da base de dados e não ao servidor do SIS. A divulgação de práticas ilegais não pareceu produzir qualquer impacto no colectivo. Desconhecimento? Falta de atenção? Desinteresse?
03 abril 2018
As regras e a prática
Sábadabadu, 8/3/2018
O sr dr tem um percurso de vida no SIS, conhece as regras? "Conheço a prática". Há regulamentos que nunca li, como a maior parte dos funcionários também nunca leram.
29 março 2018
O Retiro/Refúgio das Galinheiras (AKA Besunte)
Sábadabadu, 8/3/2018
Posso dizer à sra dra que havia um grupo de funcionários do SIS que todos os dias ia almoçar alia a um restaurante, que agora já não me lembro se é o Retiro, se o Refúgio nas Galinheiras, junto às imediações do serviço, e com pessoas de fora, que se falava de outras pessoas do serviço e que se falava de operações do serviço.
27 março 2018
Fontes atrasadas
Sábadabadu, 8/3/2018
Nunca deixara de gerir fontes e que Gil Vicente sabia bem disso porque fora ele a autorizar vários pagamentos nos últimos anos, alguns deles com atraso.
21 março 2018
O manobrista
Sábadabadu, 8/3/2018
Ele explica aqui em audiência (...) que o interesse da Federação Russa nele tinha a ver com intervenções dele em manobras de contraespionagem que determinaram em Portugal até a expulsão de diplomatas russos.
15 março 2018
Perito...nite
Sábadabadu, 8/3/2018
E também de um testemunho atabalhoado de uma perita nomeada pelo SIS, que em tribunal revelou desconhecimento daquilo que tinha sido chamada a peritar.
13 março 2018
Se o ridiculo matasse
Sábadabadu, 8/3/2018
E os russos têm um hipismo muito desenvolvido, não é? Têm modalidades desportivas a cavalo...basta pensar nos cossacos.
09 março 2018
Agentes diplomáticos????
Sábadabadu, 8/3/2018
O sr. Pozdnyakov alguma vez disse que era agente diplomático. Sabia que era?
-Não. Tive-o sempre como empresário.
NB. E não ser o Pai Natal...
08 março 2018
Besunte: um hino ao empreendedorismo
Faltava um espaço assim nas Galinheiras.
A malta é unida. A malta pensa. A malta faz.
O Besunte agradece.
Cheeeeeeers! (com a melhor bagaceira do mundo Besuuuuuuuuunnnte!)
28 fevereiro 2018
19 fevereiro 2018
16 fevereiro 2018
09 fevereiro 2018
Caçanito ADENDA
Caros convivas
Devido à adesão massiva ao encontro caçanitez e à total incapacidade de garantir espaço para todos temos de adiar o convívio por uma semana.
Dia 17 de Fevereiro pelas 14 horas. Foi reservado todo o espaço para a Companhia. Vejam coordenadas.
Aproveitem e gozem o Carnaval que são três dias.
06 fevereiro 2018
05 fevereiro 2018
02 fevereiro 2018
31 janeiro 2018
Entre o patético e o caridoso
Seria assim que a Companhia classificaria a peça (ou será pecha?) sobre o site da web do SIRP.
A simples referência à ausência de censura é extraordinária.Há certamente quem pense que não está no Portugal de 2018 mas na URSS dos anos 60 do século passado. Não desespere. Há cura para isso.
Salva-se a personalidade e o labor incondicional de quem mais interessa. Ainda bem.
16 janeiro 2018
12 janeiro 2018
Odores
Alguém sentiu, no passado sábado, um inusitado cheiro a bosta rústica servido pelos melhores mestres da manipulação cosmopolita?
11 janeiro 2018
15 dezembro 2017
A chegada do Dream Team
Já não se fala noutra coisa. O almoço de confraternização da Comunidade, realizado ontem no interior das paredes torreónicas, teve o condão messiânico de pressagiar a chegada do Dream Team.
Se aos presságios forem adicionados alguns EEI -como a flagrante ausência do taberneiro africanista- a Companhia estaria tentada a dizer que este Natal traz presente no sapatinho.
Começa hoje a contagem decrescente.
22 novembro 2017
Metatretas ou talvez não
Em Maio de 2016 um comentário visual da Companhia "Metadados = Metatretas" brincou com um artigo do Público que punha nos píncaros a iniciativa legislativa do governo de Passos Coelho (com o apoio das habituais igrejinhas e capelinhas ligadas ao PS e ao CDS) dos metadados, que veio a ser posta no merecido lugar pelo Tribunal Constitucional. Esse comentário visual teve grande visibilidade à época.
Passado mais de um ano tal comentário visual, "sem nome", volta a ter uma grande audiência.
Porque será?
Sabendo quem sabe que o dia da posse da Secretária-Geral (dia 6 de Novembro para facilitar os que quererão, obviamente, correr atrás do prejuízo) bateu recordes absolutos de trocas de mensagens através do serviço de SMS das operadoras que têm repetidores montados no Torreão, percebe-se o afã da revisitação daquele comentário visual.
Se aqueles forem somados os SMS feitos através de serviços que não têm repetidores montados no Forte e ainda aos WhatsApp, Instagram, Google e Telegram (entre outros) haverá metadados explicativos de muitas coisas.
E esses metadados a Companhia sabe que não são metatreta. E já terão chegado ao seu destino.
10 novembro 2017
Reforço ou cativação?
Um reforço de 16%, num correspondente a 5 milhões de euros, foi o que anunciou António Costa na posse da nova Secretária Geral.
Esse reforço será direcionado essencialmente para equipamentos e para o reforço de pessoal, tendo em conta as atuais carências dos serviços.
Desses 5 milhões quantos serão cativados para garantir o cumprimento dos critérios do défice excessivo da União Europeia?
Então os 12 anos de extraordinária estabilidade deixaram carências?
Há falta de equipamentos? Talvez sejam os que não foram adquiridos para satisfazer certas vaidades ao longo destes 12 anos. Quantos diretores gerais em Portugal usam Mercedes e BMW como viaturas de serviço? Não eram só os ministros?
Reforço de pessoal? Quantas pessoas entraram nos últimos 12 anos? Não chegam? Mas não chegam porque entraram poucas ou porque sairam muitas, não necessariamente para a aposentação?
O pessoal da Ameixoeira, há 12 anos à espera de alterações ao regime de carreiras (nisso houve efectivamente estabilidade), está desmotivado e quer uma gestão de carreiras profissional, objectiva e justa.
Antes de reforçar o pessoal pelas admissões, que tal começar por aproveitar a 100% o pessoal que está diariamente disponível para trabalhar e é sistematicamente posto à margem.
Este é o caminho das pedras da nova Secretária Geral.
Os políticos falam. Falam muito. E apenas.
09 novembro 2017
A sustentável ligeireza da estabilidade
A posse da nova patroa do SIRP foi marcada por uma série de notícias "boas", encomendadas à malta do costume. Talvez para compensar a incompetência manifesta de quem deixou a nova responsável a "marinar" à espera de 30 minutos de discursatas de circunstância e outros tantos de "bacalhaus" e beijinhos.
No meio das atoardas que se ouviram para as bandas de São Bento no passado dia 7 terá havido lugar para um "rasgado elogio" (disse a agência Lusa) ao cessante Júlio Pereira. Exemplo de "independência" e de "grande estabilidade" ouviu-se. Sorrisos, alguns, viram-se em São Bento. E gargalhadas, imensas, foram dadas na Ameixoeira.
Coisa que não houve no SIRP nestes últimos 12 anos foi estabilidade. Os "casos" Silva Carvalho (ex Chefe de Gabinete de Júlio Pereira, lembram-se?) e Carvalhão Gil (o chamado agente "duplo", de acordo com a imprensa da especialidade) são bons exemplos disso.
Só se estabilidade é o nome que agora se dá à gestão cómoda da carreira profissional própria e dos apaniguados. Aí sim, houve estabilidade. Até à nausea. E por isso as gargalhadas.
E sobre "independência" estamos conversados. Deve ser o nome que agora se dá à subserviência, viracasaquismo e faltas de respeito.
O senhor Primeiro Ministro é livre de dizer o que lhe apetece. Felizmente que nós, no Torreão, também somos livres de avaliar as suas palavras.
03 novembro 2017
Dream Team
A Companhia está em condições de garantir que o "compasso de espera" se deveu à reunião de um Dream Team.
Um membro da nova formação regressa do estrangeiro onde obteve excelentes resultados numa auditoria realizada numa missão desde sempre problemática.
Temos líder.
31 outubro 2017
Ele anda por aí (Halloween)
Em noite de Halloween, como em todas as noites. É o Zombie do sistema. Só sai quando for varrido. Até lá arrasta-se como um verme. Acompanhado por uma legião. De vermes.
26 outubro 2017
Superestruturas de soberania?
A terceira superestrutura chama-se Sistema de Informações da República Portuguesa (SIRP) que, verdadeiramente, se materializou em terceiro serviço de informações com a criação do cargo de Secretário-Geral do SIRP em 2004, 20 anos após a aprovação da lei-quadro do sistema, então simplificado e operacionalizado. Esta superestrutura, acordada em 2004 entre PSD (então no Governo) e PS, pretendia "disfarçar" um problema subsistente no sistema: a falta de coordenação entre o Serviço de Informações de Segurança (SIS) e o Serviço de Informações Estratégicas de Defesa (SIED). Solução? A criação de uma superestrutura que, sob a direcção de um secretário-geral, igualmente equiparado a secretário de Estado – o muito resistente Júlio Carneiro Pereira (12 anos em funções…) - foi crescendo às custa dos órgãos operacionais do sistema (SIS e SIED), que dele passaram a depender, absorvendo recursos e competências, distante dos utilizadores mas nem por isso próximo dos chefes do governo que raramente tiveram vontade para entender o que verdadeiramente estava em jogo. Diga-se que aqui a paternidade não foi apenas socialista mas a criança cresceu verdadeiramente com as hormonas dos governos PS.
23 outubro 2017
29 setembro 2017
Finalmente?
A democracia a funcionar: http://www.canal.parlamento.pt/?cid=2241&title=audicao-de-maria-da-graca-mira-gomes
28 setembro 2017
27 setembro 2017
Tancos é o novo fenómeno do Entroncamento
Por favor, substituam o hino nacional pela banda sonora da série Twilight Zone: Portugal entrou na Quinta Dimensão. O Expresso divulgou um misterioso relatório dos "serviços de informações militares" sobre Tancos que tece violentas críticas ao ministro da Defesa e onde se alinham dez cenários sobre os possíveis responsáveis pelo roubo. Ou melhor: nove cenários sobre assaltantes e um sobre a inexistência de assalto, atribuindo-o (e cito) a uma "encenação de militares descontentes por não terem passado à reserva". Como se não bastasse mais esta subida de degrau no patamar da irrealidade, eis que no dia em que a notícia é publicada o próprio António Costa vem afirmar desconhecer em "absoluto" tal relatório, e que ele não foi produzido por "nenhum organismo oficial do Estado português".
26 setembro 2017
O estranho caso do relatório estranho
Veio o Expresso de 23 de Setembro acordar Lisboa e o resto do país com um título de arromba. Relatório das secretas sobre Tancos arrasa ministro e militares. Hugo Franco e Luísa Meireles (pois é, essa mesma!) assinam o explosivo composto.
Na Companhia logo se estranhou. Primeiro, porque nenhum relatório de nenhum serviço público, e muito menos de informações, arrasa qualquer ministro. Pelo menos enquanto estiver em funções. Para os ministros da República os relatórios dos serviços de informações, as secretas como lhe chama o Expresso, são uma mistura de graxa e scotch brite. Tornam os ditos brilhantes por mais sujos que estejam.Segundo, porque a autora das meirelíadas "bebe do fino", que é como quem diz acede lá acima. Se ela fala num relatório é porque ele existe.As palavras "secretas", "explosivo" e "informações militares" são apenas engodos jornalísticos.
Que o relatório existe afirmou-o o Expresso no dia 23 e nos dias que se seguiram. Afirmaram-no vários dirigentes do PSD, desde logo o seu presidente. Afirmaram-no, pela negativa ("não é de um serviço de informações militar", "não é do SIS nem do SIED"), o presidente do afetos, o primeiro ministro da grande coligação, alguns ministros e chefes militares.
Da leitura do conteúdo do Expresso, um relatório que contenha aqueles considerandos e aquelas conclusões não parece um mau relatório. Ele apenas dá corpo aquilo que muitos pensam. Ficar preocupado com a existência do relatório e tranquilo quando lhe asseguram que não é um relatório oficial é próprio de quem vive num mundo avestrusiano de afetos virtuais, para consumo nas redes sociais.
À Companhia preocupa sobretudo que o estranho relatório não tenha sido elaborado pelos serviços de informações. Se o tivesse sido isso atestaria a maioridade dos serviços, dos seus dirigentes e da nossa Democracia.
01 setembro 2017
A informação difusa
"Uma informação «difusa», sem concretizar alvos em concreto nem dias precisos, sobre um possível atentado em Lisboa foi enviado ao SIS por uma agência secreta estrangeira."
Diário de Notícias, 01-09-2017
Dúvidas:
- Uma informação que não concretiza alvos nem dias é uma informação ou uma adivinha?
- É legitimo dar indicações sobre a provável ameaça a dezenas, senão centenas, de destinários e vir depois culpar as redes sociais? O Torreão vive no século XVII?
- Será que a nova lei dos metadados levou os serviços portugueses a antecipar esta ameaça e a referência a uma agência secreta estrangeira não passa de uma manifestação de humildade?
- Ainda alguém leva esta gente a sério (com excepção dos que vivem à sombra da mesma fileira de actividade)?
- A ministra da Administração Interna, o primeiro ministro e o presidente da República além de comentarem boatos (chamados pomposamente rumores) comentam também fake news?
25 agosto 2017
Valores e modelos de vida
"No solo estamos unidos en el duelo, estamos unidos en la voluntad para vencer a quienes quieren arrebatarnos nuestros valores y modelos de vida".
Mariano Rajoy, 17 de agosto de 2017
(a propósito do acto terrorista das Ramblas, Barcelona)
A verdade é que os líderes políticos, os media e a sociedade reagem da forma desejada pelos terroristas. Sempre. Talvez seja um novo modelo de vida (e para o comprovar, pelo caminho, vai-se à Rambla bebe-se um curto e tira-se uma selfie).
23 agosto 2017
Um certo odor a bafio
Deixar que a necessidade de reforçar a segurança leve o Governo a alimentar a ânsia de controlo é o princípio de um caminho que levou sempre o mundo para lugares errados.
Sorrateiramente, nas férias grandes, entre o prazer do sol e o drama dos incêndios, o Governo andou entretido a urdir o mais consistente plano de ataque às liberdades públicas fundamentais dos últimos anos. Fielmente ajudado pelo CDS e pelo PSD, avalizado pela aura presidencial e pelo prestígio do constitucionalista Marcelo Rebelo de Sousa, o Governo não se deu por satisfeito ao autorizar o acesso dos serviços secretos ao cruzamento do rasto das nossas conversas telefónicas com as portagens que passamos ou com os sites da internet que visitamos. Já este Agosto avançou com mais duas medidas hediondas que, dêem-lhe o embrulho que derem, metam ou não o Supremo Tribunal ao barulho, representam um violento ataque direito à privacidade, a trave-mestra da verdadeira liberdade. Pois não bastava os espiões poderem espiolhar a nossa vida por dá cá aquela palha; também o polícia do Bairro Alto vai ter acesso ao que dizemos na via pública se muito bem lhe apetecer.
Num país como o Reino Unido onde até o bilhete de identidade é visto com suspeição, o simples anúncio de uma medida desta natureza bastava para que se erguesse um coro de protesto. Por cá, não. Com excepção do PCP e, principalmente, do Bloco de Esquerda, que mandou algumas das suas principais figuras para a frente de combate, as propostas do governo socialista foram brindadas com um revelador silêncio. Exigir o respeito pelos valores básicos da intimidade pessoal ou o direito a ter uma vida insusceptível de ser controlada pelo Estado e pelos seus agentes é uma extravagância num país que jamais se libertou do paternalismo estadual. É assim que, recorrendo ao velho e relho argumento securitário, pegando em exemplos mal contados sobre o que se passa no estrangeiro, polindo violações flagrantes detectadas há apenas dois anos pelo Tribunal Constitucional, apesar de vivermos num país pacífico, o Governo se dá ao luxo de violar o preceito constitucional que proíbe "toda a ingerência das autoridades públicas na correspondência, nas telecomunicações e nos demais meios de comunicação, salvos os casos previstos na lei em matéria de processo criminal" no meio de uma apatia quase geral. Por vezes, temos o que merecemos.
O que está em causa é grave. O fervor securitário do Governo deixa a levitar a suspeita sobre uma propensão controladora pouco saudável. Não apenas pela aprovação da "lei dos metadados". Mais grave ainda é a autorização de gravação de conversas na rua aprovada por um banal despacho de renovação do sistema de videovigilância no Bairro Alto. Ou a legislação prometida para Outubro, que vai conceder às polícias o extraordinário poder de aceder a todas as imagens gravadas pelos sistemas de segurança privado que existem nos supermercados ou nos bares.
Estão a ver os polícias de plantão a passar o tempo escutando a conversa do jovem casal numa rua de Lisboa? Estão a ver o cabo ou o sargento de Leiria a querer saber por ondou a namorada do filho ou o marido da vizinha no fim-de-semana passada? Estão a ver o amigo do chefe a pedir-lhe o favorzinho de verificar se logo à noite a namorada anda sozinha na noite lisboeta? Claro que lá virá a ministra, a secretária de Estado ou o primeiro-ministro dizer que tudo isto não passa de demagogia, que haverá controlos, que não haverá abusos. Pois. Já diziam o mesmo antes de termos um espião de opereta a passar segredos para uma empresa do regime, a famigerada Ongoing. Já soubemos de diligências da secreta para captar as comunicações de um jornalista. Já percebemos que é fácil e tolerado o acesso de funcionários do fisco às nossas vidas contributivas. Já sabemos da facilidade com que conversas privadas em segredo de Justiça chegam aos jornais. E tudo isto num quadro em que as garantias de segurança dos dados são muito mais efectivas. No futuro, a nossa privacidade ficará dependente da idoneidade dos polícias ou os seus altos critérios intelectuais e morais para saberem distinguir conceitos tão abstractos e exigentes como o da noção de "perigo concreto para a segurança das pessoas e bens".
Se até agora, e bem, o acesso das secretas aos metadados exigiam uma validação judicial, se a captação de conversas privadas em lugares públicos ou nas ligações telefónicas requeria o aval de um magistrado, a proposta do Governo deixa-nos absolutamente entregues ao livre arbítrio da polícia. Ou seja, em última instância, do Governo que tutela as polícias. Se até agora era altamente discutível que o dono de uma discoteca tivesse direito a poder saber se um cliente bebeu duas ou dez cervejas numa noite, conceder à PSP o direito de poder vasculhar quem esteve, quando esteve, com que esteve e e como esteve A ou B nos bares da Galeria de Paris no Porto é um pesadelo.
Custa por isso a perceber que, ao contrário da Comissão Nacional da Protecção de Dados, os magistrados que nos devem defender do excesso de poder do Governo tenham aceitado estas mudanças. E, se o CDS é coerente e deixa nestes momentos deixar a cair a máscara que esconde a face de uma direita musculada e estatizante, não se entende como o PSD vai atrás do Governo numa matéria desta sensibilidade – a prova acabada de que o partido continua a matar a sua matriz social-democrata e liberal. Ver o PCP e o Bloco empenhados na defesa de uma causa que costuma ser particularmente cara aos liberais não deixa de ser mais um exotismo nestes tempos em que vivemos.
O Parlamento ainda tem tempo para sair do torpor das férias e olhar com olhos de ver para os estragos que o Governo anda a fazer e quer continuar a fazer em matéria de direitos, liberdades e garantias. Bem sabemos que este tema diz pouco à maioria dos cidadãos, mas deixar que a necessidade de reforçar a segurança leve o Governo a alimentar a ânsia de controlo, sem que se viva um estado de excepção ou sem que esteja em causa a suspeita de um crime avalizada pela Justiça, é o princípio de um caminho que levou sempre o mundo para lugares errados. Muito antes das ditaduras do século XX ou dos fantasmas de um mundo orwelliano, já Benjamim Franklim dizia: "Todos os que trocam a liberdade essencial por um pouco de segurança temporária não merecem nem a liberdade nem a segurança".
Manuel Carvalho, Público, 23 de agosto de 2017
Bem hajam os que defendem a liberdade de forma coerente.
08 agosto 2017
A ameaça fantasma
Comunicado do Conselho de Ministros, 27 de Julho de 2017:
Por fim, o Governo aprovou na generalidade um decreto-lei que estabelece um sistema de registo obrigatório das aeronaves pilotadas remotamente (vulgarmente designadas «drones») e institui a obrigatoriedade de contratação de seguros de responsabilidade civil que cubram eventuais danos provocados a terceiros por estes aparelhos. Este diploma visa também estabelecer restrições do ponto de vista da segurança da navegação aérea, tipificando novas contraordenações aplicáveis à operação deste tipo de aeronaves e instituindo o regime sancionatório a aplicar no caso de incumprimento destas normas, bem como todas as medidas cautelares de segurança, que ficam a cargo da Autoridade Nacional de Aviação Civil.
Este diploma irá, assim, disciplinar a utilização das aeronaves pilotadas remotamente, através da criação de novos mecanismos legais que permitirão uma supervisão e fiscalização mais eficaz da comercialização e utilização destas aeronaves a nível nacional, procurando dissuadir a eventual prática de atividades ilícitas com «drones», enquanto não vigorar um regime uniforme de âmbito internacional ou europeu sobre a matéria.
Comentários:
- Desconhece-se, até ao presente, qualquer acidente com aeronaves de grande porte causado directamente por drones civis. Mas desde o inicio de 2017 terão sido publicadas mais de uma dezena de notícias em jornais nacionais alertando para o risco iminente de isso acontecer.
- Como o próprio comunicado anuncia não vigora nenhum regime uniforme quer no âmbito internacional quer no âmbito europeu.
- Com excepção de eventuais violações do direito à reserva da vida privada (que não parece ser uma competência da entidade responsável pela aviação civil) não há notícia de quaisquer incidentes/acidentes causados por drones.
- Os drones vieram acabar (praticamente) com as filmagens aéreas (avião e helicóptero) que eram fonte de rendimento de muitas empresas de pequena e média dimensão.
- O regime a aprovar gerará um apreciável montante de receitas para o Estado e para as seguradoras/financeiras. Por essa via limitará o acesso à actividade centenas de pequenos empresários de fotografia/cinema.
- A ameaça para a segurança da aviação civil não passará de uma «ameaça fantasma», manipulada pelos interesses do costume.
02 agosto 2017
As bocas do mundo
vs.
O mundo das bocas
Um marroquino casado com uma bombeira portuguesa foi expulso aquando da vinda do Papa Francisco a Portugal. O indivíduo, que já estava a ser vigiado, fez várias compras suspeitas de nitratos, substância usada para bombas artesanais. E convenceu a mulher, uma bombeira de Ourém, a tentar infiltrar-se na ambulância que esteve sempre nas proximidades do Papa – o que não conseguiu.
Mas a segurança papal nunca terá estado em risco, pois, na noite em que Francisco participou na bênção das velas Santuário, muitos agentes do SIS e da PJ estavam infiltrados entre os fiéis, vigiando os marroquinos suspeitos e neutralizando todas as hipóteses de uma ação criminosa.
O episódio envolvendo o marroquino não foi noticiado para «Portugal não ficar nas bocas do mundo», como adiantou ao SOL uma fonte policial.
Aliás, o mesmo acontece com os casos de expulsão de suspeitos de terrorismo, atendendo ao impacto negativo que essas notícias poderiam ter em termos de alarme social e, designadamente, para o turismo nacional.
Nos últimos meses, os Serviços de Informação e Segurança (SIS), em colaboração com a PJ e a PSP, detetaram diversos movimentos de alegados terroristas em Portugal, tendo expulso, além do referido marroquino, um jordano.
O Portugal é, talvez, o único país do mundo que não detém os terroristas para não causar alarme para o turismo nacional (?). Em vez disso expulsa-os.
30 julho 2017
06 julho 2017
A embrulhada
Depois dos incêndios de Pedrogão Grande e do desaparecimento das armas de Tancos, o PM bem precisa de férias. Os tempos mais próximos vão ser muito mais duros do que a passeata que se previa até às eleições autárquicas e daí até às legislativas.
Sobre esses dois casos graves, gravíssimos, não vai a Companhia elaborar porque se afastam do escopo da sua missão (um exemplo que devia ser seguido por muitos dirigentes de topos dos chamados Servicios).
O PM tem por resolver a substituição do secretário geral do SIRP, depois do que foi a patética encenação (durante meses) da substituição sem epidural. Se tivesse tempo e sentido de serviço público apuraria o que correu mal e esmiuçaria o "inner circle", porque nele se alojou o facilitismo e, pior, o sentimento de impunidade. Quando isso acontece estamos perante o príncipio do fim.
Para a tempestade ser perfeita o partido envolveu-se, ingenuamente, em politiquice parlamentar em torno de assuntos sérios (Conselho de Fiscalização e lei do acesso a metadados). Como o partido mais votado está votado ao abandono e a ridiculos "soundbites" esporádicos, o CDS levantou a crista(s). No parlamento ficou demonstrado que a gestão da agenda/calendário por parte do partido do governo está mal entregue. Meteram o PM numa embrulhada de dimensões lendárias. E quando teve oportunidade de sair da dita embrulhada, como era de esperar de quem se supera a si próprio em termos de técnica e táctica, truques e ilusionismo, o PM afundou-se ainda mais na embrulhada movediça.
Chamar a si o foco das atenções e dar uma de caudilho de serviços que têm tutelas próprias revela, uma vez mais, confiar num circulo de aprendizes que ainda não percebeu que está no último andar da arquitetura do poder. Agora o único caminho é para baixo.
E nem o Focus Group nem São Marcelo os salva.
28 junho 2017
27 junho 2017
Entre o Bosta e o Bosta-Mor
Durante anos consecutivos o Camarada Zé, o da Alheira (como o apelida a malta do Besunte) foi recrutando sangue novo, sempre com a ajuda interna do Moulin Joe, Oak Jim, All Saints Frank e Chicken Horny. Desde 2006 é desta massa que é feita esta tecitura dramaticamente organizada.
A qualidade dos rapazes e raparigas (algumas são mesmo raparigas) está à vista.
Tudo à imagem dos mentores, patrocinadores e progenitores. Como dizem alguns amigos da Companhia: "Lídimos representantes da fina flor do entulho".
As fornadas que foram saindo da "escola" (como a chamam alguns pategos, que nunca devem ter frequentado nenhuma) reflectiram a sociedade que as pariu: metade carneiros, metade filhos da puta, mais coisa menos coisa.
Perante tal quadro de origem, aperfeiçoado por cursos de formação que deveriam durar 6 meses, mas que são encurtados para 2,5 meses porque "o serviço necessita urgentemente de man power" (quando ao mesmo tempo se prescinde, de forma escandalosa, de massa cinzenta e crítica que vai servir com vantagens outras instituições). E quando não se assume que o encurtamento dos cursos resulta de duas razões principais: 1) Cansaço dos estagiários que imploram aos mentores, patrocinadores e progenitores "Tirem-me daqui!!!!" ou 2) Cansaço dos "professores" que já não sabem, se é que alguma vez souberam, que mais hão-de inventar para "capacitar" os seus pupilos.
Neste período revelam-se as vedetas, os artistas, os naturais e os filhos da mãe. Se houvesse gente com eles no sítio era o momento certo para evitar situações que explodirão 20 anos depois, como aconteceu com o Oak Jim (também conhecido com Original Bosta ou Jabba the Hutt).
Se um futuro Bosta diz que está farto de aturar a Florípedes, "investigue-se até às últimas consequências" o comportamento do Bosta e da Florípedes. Se um futuro Bosta se recusa a comparecer, apesar de advertido, temos um problema. Se a advertência é feita pelo Bosta-Mor e não pelos serviços competentes temos um problema de ilegitimidade, incompetência e abuso de poder. Dos Tribunais, portanto.
Se, apesar de tudo, o Bosta continua a não comparecer e o Bosta-Mor faz de conta que está tudo bem temos uma ficção reles de um serviço público.
E é uma ficção porque não é serviço nem é público. Mais uma a somar a tantas outras que existem e devoram os nossos impostos.
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