25 janeiro 2014

O exemplo da China

João Garcia escreve no Expresso de 25 de janeiro de 2014 : "Na China
convivem agora a economia planificada, o sistema capitalista e "o dos
nossos"."

Há insofismáveis semelhanças entre a China e certos organismos, que só
não serão nomeados porque todos sabemos quais são. Neles, todas as
atividades convivem com três sistemas: o "respeito pela lei" (raro, o
que acontece apenas quando algum "tresmalhado" assume protagonismo), o
de "violação da lei" (frequente, sobretudo porque o conhecimento das
fragilidades do sistema jurídico funciona como propulsor) e "o dos
nossos" (mais frequente ainda, pelas duas razões anteriores aliadas à
soberba e à incompetência).

Como a China já existia, ainda os tetravós de toda esta gentalha andava
a passear do lado esquerdo para o direito de certa zona do órgão
reprodutor masculino, é de presumir que também nesta área o que lhes
falta em criatividade e dignidade sobra-lhes em subserviência e nulidade.

Da traição se falará um dia.

23 janeiro 2014

Aviso



Desistam!

Só entra quem é convidado.

Vão chatear o careca.

21 janeiro 2014

O SIRP e o Código da Estrada

A linguagem estradal entrou definitivamente no dia a dia do SIRP. O tema agora é "Ultrapassagem".

Mas já foi "Via rápida", "Sentido proíbido" e "Perigo/Danger".

Presume-se que em breve poderá ser "Trânsito congestionado" e, mais tarde ou mais cedo, "Estrada sem saída".

19 janeiro 2014

Com dirigentes assim, quem precisa de inimigos? (9)

O material informático também veio à conversa na AR nas palavras do
secretário do SIRP. Presume-se que o que existe seja muito usado.
Noutros tempos, que não os que atravessamos, dir-se-ia tratar-se de
material obsoleto.

E o secretário, preocupado, acusa as dificuldades financeiras do que se
passa nessa área ao mesmo tempo que reconhece que 10% do orçamento está
disponível para operações. Devemos pois concluir que o que há é um
problema de gestão e de prioridades.

Se a cibersegurança fosse uma prioridade, como o secretário afirma, o
material informático não seria obsoleto. Se a missão das secretas fosse
prevenir e proteger o Estado português das ameaças vindas do ciberespaço
o que dizer de alguém que nos protege "de mãos atadas"?

Sobre o material informático, a cibersegurança e a proteção do Estado
português parece haver alguém a confundir "a prima do mestre de obras"
com a "obra prima do mestre". E nós elegemos aqueles senhores que estão
na AR para quê?

Com dirigentes assim, quem precisa de inimigos? (8)

Preocupa-se o secretário do SIRP com as entradas de pessoal nos serviços
que tutela. Parece que desde 2008 não se verificam novas entradas.

Uma vez mais parece que nos serviços do Estado português se vive na
Terra e nas secretas se vive em Marte. Em que outros serviços públicos
tem havido admissões quando a lei as proíbe? E já as proibia em 2008,
portanto seria útil perceber como é que LEGALMENTE elas aconteceram.

Se o problema das secretas fosse falta de pessoal teria certamente no
universo dos funcionários públicos milhares de candidatos a potenciais
"espiões". E bastava selecionar, recrutar e formar. Claro que para isso
seria preciso orçamento. Mas afinal de contas tem havido tantas
passagens à reforma...

E SE existisse uma política de pessoal já se teria certamente resolvido
o problema da "transmissão de conhecimentos". E não sairiam os melhores
para outros serviços públicos e para empresas privadas. SE existisse uma
verdadeira política de pessoal premiava-se o mérito e corrigia-se o
demérito.

Mas não há uma verdadeira política de pessoal. Há tão-só AGENCIAMENTO. E
conivência.

Com estes dirigentes, quem precisa de inimigos? (7)

A fusão dos serviços de informações terá sido discutida na audição do
secretário do SIRP na AR.

Com um "sistema" em desmoronamento acelerado a solução é sempre a fuga
para a frente. Ou como no clássico de Lampedusa, "Gattopardo", sobre a
decadência da aristocracia siciliana no século dezanove, é preciso fazer
alguma coisa para continuar tudo na mesma.

A fusão já foi feita em 2004. Desde 2008 que andam a cantar hosanas ao
magnífico sistema de departamentos administrativos comuns que não só não
terão produzido economias de escala, como serão um exemplo de
ineficiência. E há unanimidade no reconhecimento de que o serviço
interno prestado é pior quando comparado com o período anterior ao
"comunismo".

Mas a tudo isto, aquele "centro de negócios" em que se tornou o lugar
onde se decidem estas coisas, responde com a panaceia da "fusão".

A mesma que existe na lei e na prática desde 2004. Então o que querem
estes senhores?

Querem um serviço "único". Uma única designação. Mas querem que continue
a existir um secretário do SIRP, com um supergabinete atulhado de
crânios, um diretor geral para as informações externas e um diretor
geral para as informações de segurança. Ou seja: continuar tudo na mesma!

Alguém viu algum estudo independente (não confundir com estudos feitos
por licenciados na antiga universidade independente e quejandas) que
descreva as vantagens e desvantagens (sobretudo financeiras) das
diversas soluções? E alguém já equacionou a "concessão" das informações
de segurança às polícias (PJ, PSP, GNR, SEF)? E porque não as
informações externas atribuídas em "concessão" ao MNE?

São sistemas que existem noutros Estados e têm a vantagem de serem mais
económicos, integrados e funcionais. Mas se calhar o problema é mesmo
esse: a funcionalidade...

Com estes dirigentes, quem precisa de inimigos? (6)

Veio o secretário do SIRP afirmar que só 10% do orçamento é usado para
atividades operacionais. Como ele é responsável não por um mas por TRÊS
orçamentos, talvez fosse útil que os senhores deputados "auditores"
pedissem a aclaração da afirmação. É a média? Há orçamentos
deficitários? Há transferências interorçamentais?

Mas nada. Talvez fosse de explicar a quem profere este tipo de
afirmações que a generalidade dos serviços do Estado consomem 100% das
suas receitas orçamentais com as ditas "despesas administrativas com
pessoal" e despesas correntes de funcionamento, como bens e serviços. E
estão nessa situação porque o governo não tem sido com eles tão
benevolente com tem sido com serviços cujos dirigentes reconhecem
publicamente estarem "de mãos atadas".

Há uma estranha noção de equidade na distribuição dos recursos do Estado
pelos serviços públicos. Mesmo quando os dirigentes reconhecem que estão
"de mãos atadas".

Com estes dirigentes, quem precisa de inimigos? (5)

As "dificuldades financeiras" das secretas tiveram como resultado, ao
que disse o secretário do SIRP na AR, uma "redução da produção" e uma
"revisão das prioridades" nos serviços de informações.

PRODUÇÃO? O que é que se produz de mãos atadas? Hummmm... Além disso
muitos dirigentes das secretas são conhecidos pela alcunha das suas
atividades no terciário (merceeiro, taberneiro, cozinheiro...) não no
setor primário.

Quanto à revisão: sabemos que muitos dirigentes (e ex-dirigentes) das
secretas se familiarizaram nos anos 70 com o revisionismo. Nunca se
imaginou foi que viessem a público admitir tal facto.

Com estes dirigentes, quem precisa de inimigos? (4)

A preocupação relativamente à forma como as questões orçamentais estão a
atingir os serviços secretos manifestada pelo secretário do SIRP, em 14
de janeiro de 2014, na AR, poderia indiciar coisa boa.

Em 2010 um antigo dirigente das secretas, depois de uma passagem fugaz
pelo SIED, invocou razões orçamentais para se demitir.

Será que daqui a três meses veremos este titular a secretariar uma
qualquer outra organização de tipo empresarial?

Nas secretas suspira-se: "DEUS QUEIRA!"

17 janeiro 2014

Com estes dirigentes, quem precisa de inimigos? (3)

No dia 14 de janeiro disse também o secretário estar "sem condições"
para afirmar a existência ou inexistência da célula da NSA.

"Sem condições" sabe-se que está há muito tempo. E à semelhança de tudo
quanto é político em Portugal ninguém retira disso qualquer ilação. E
muito menos os protagonistas diretos.

Mas o que resulta curioso é a inversão de prioridades, inusitada para um
alegado jurista. A falta de condições deve-se PRIMEIRO à falta de acesso
a condições técnicas e SEGUNDO a preceitos legais que condicionam uma
intervenção imediata.

Respeito pela lei? Se dúvidas existissem...

E uma pertinência final: que crânios, certamente pagos a peso de ouro,
debitam estas construções teóricas? Cuidem-se! A Goldman Sachs está de
olho em vós!

Com estes dirigentes, quem precisa de inimigos? (2)

Na audição disse também o secretário que as "mãos atadas" se deviam a
"limitações legais" e a "condições técnicas".

Uma pergunta sobre as "limitações legais": o pacote legislativo pendente
para aprovação na AR não responde a tais limitações legais? Alguém é
muito distraído. Desde logo os partidos da maioria que tanta pressa
tiveram em produzir uma das maiores aberrações jurídicas vistas pela
comunidade das informações em Portugal.

Sobre as "condições técnicas" há, certamente, uma contradição no axioma:
havendo limitações legais como poderiam existir condições técnicas? Será
que estamos a falar de uma mera deficiência na construção da lógica ou
de um terrível hábito de práticas contrárias à lei?

Numa república séria em que alguém tivesse real conhecimento dos
assuntos discutidos em comissão teria havido verdadeiro confronto
político e técnico. No bananal os suspeitos do costume qualificam o
sofrível desempenho do personagem como "interessante". Do mesmo modo que
seria "interessante" o coito praticado por formigas.

15 janeiro 2014

Com estes dirigentes, quem precisa de inimigos? (1)

O secretário geral do SIRP foi ouvido na 1.ª comissão da AR no dia 14 de janeiro de 2014.

Sobre as eventuais células da NSA a operar em Portugal disse (Público, de 15 de janeiro de 2014) que os serviços “estão de mãos atadas” para fazer frente às suspeitas de atividade em território nacional.

Não se percebe se isto foi um desabafo, um convite ou um fétiche (há quem goste de fantasiar sexualmente com as mãos atadas ou algemadas…).

Desabafo não deve ter sido. Ao fim de quase dez anos de exercício do cargo devemos concluir que gosta deste estado de coisas (que não é novo…), senão teria tentado alterar a situação ou pedido dignamente a sua exoneração.

Restam as hipóteses de convite, para que os espiões estrangeiros nos devassem ainda mais enquanto Estado e nação, ou de caprichoso fétiche.

08 janeiro 2014

A célula

Quer o Bloco de Esquerda ouvir na assembleia o secretário geral do SIRP. Em causa estará a noticia de uma célula conjunta da NSA e da CIA a operar em Portugal.

Quer o BE saber se o SIS tem disto conhecimento. Naturalmente que o desiderato do BE é meramente político, destinando-se a colocar mais pressão sobre o governo e colocando-se a si mesmo na agenda dos media. A audição do SG visa obviamente atingir a governação e, dentro desta, o primeiro ministro. É um evento ao estilo “fait-divers” para justificar a presença parlamentar do Bloco, agora que se avizinham eleições europeias que se supõe irão ser duras.

Curioso, mas não estranho (porque há muito que a estranheza anda zangada com as informações em Portugal), é que a notícia do EXPRESSO sobre a tal “célula conjunta”, que fez primeira página no Natal de 2013, tenha sido dada por alguém que semanas antes palestrou num seminário organizado pelo SIRP.

Coincidência?
Nem por isso.

E os desejos de um bom 2014.