28 junho 2017

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27 junho 2017

Entre o Bosta e o Bosta-Mor

 
Durante anos consecutivos o Camarada Zé, o da Alheira (como o apelida a malta do Besunte) foi recrutando sangue novo, sempre com a ajuda interna do Moulin Joe, Oak Jim, All Saints Frank e Chicken Horny. Desde 2006 é desta massa que é feita esta tecitura dramaticamente organizada.
A qualidade dos rapazes e raparigas (algumas são mesmo raparigas) está à vista.
Tudo à imagem dos mentores, patrocinadores e progenitores. Como dizem alguns amigos da Companhia: "Lídimos representantes da fina flor do entulho".
As fornadas que foram saindo da "escola" (como a chamam alguns pategos, que nunca devem ter frequentado nenhuma) reflectiram a sociedade que as pariu: metade carneiros, metade filhos da puta, mais coisa menos coisa.
Perante tal quadro de origem, aperfeiçoado por cursos de formação que deveriam durar 6 meses, mas que são encurtados para 2,5 meses porque "o serviço necessita urgentemente de man power" (quando ao mesmo tempo se prescinde, de forma escandalosa, de massa cinzenta e crítica que vai servir com vantagens outras instituições). E quando não se assume que o encurtamento dos cursos resulta de duas razões principais: 1) Cansaço dos estagiários que imploram aos mentores, patrocinadores e progenitores "Tirem-me daqui!!!!" ou 2) Cansaço dos "professores" que já não sabem, se é que alguma vez souberam, que mais hão-de inventar para "capacitar" os seus pupilos.
Neste período revelam-se as vedetas, os artistas, os naturais e os filhos da mãe. Se houvesse gente com eles no sítio era o momento certo para evitar situações que explodirão 20 anos depois, como aconteceu com o Oak Jim (também conhecido com Original Bosta ou Jabba the Hutt).
Se um futuro Bosta diz que está farto de aturar a Florípedes, "investigue-se até às últimas consequências" o comportamento do Bosta e da Florípedes. Se um futuro Bosta se recusa a comparecer, apesar de advertido, temos um problema. Se a advertência é feita pelo Bosta-Mor e não pelos serviços competentes temos um problema de ilegitimidade, incompetência e abuso de poder. Dos Tribunais, portanto.
Se, apesar de tudo, o Bosta continua a não comparecer e o Bosta-Mor faz de conta que está tudo bem temos uma ficção reles de um serviço público.
E é uma ficção porque não é serviço nem é público. Mais uma a somar a tantas outras que existem e devoram os nossos impostos.

Para lá do Torreão

O melhor é esquecerem toda a lógica.
 
De Max Planck a Albert Einstein o que se ganhou em mecânica quântica perdeu o estudo ontológico de Parmenides.
 
A Companhia não está aquém ou além.
 
As above, so below é o que melhor define a situação da Companhia.
 
O paralelo é total com César e o Rubicão.
 
 

12 junho 2017

Queres fazer? Tens de saber o quê

A nossa elite política tem urgentemente de encontrar uma visão são os seus serviços de informações. Esta metodologia reactiva de ir nomeando umas figuras dóceis e "porreiras pá" para chefiar aquilo que pomposamente designam o SIRP (que, em rigor, apenas corresponde em dimensão, orçamento e objectivos a uma direcção-geral menor da administração pública) está caduca.
 
O primeiro ministro pode fazer diferente. Tem, em primeiro lugar, que saber o que fazer. Preocupe-se depois com o perfil de quem vai escolher para liderar a mudança.
 
Os portugueses ficar-lhe-iam agradecidos.
 
Nós, no Torreão, também.

08 junho 2017

E agora?

Isto é tudo muito bonito. É tudo gente muito honesta e responsável. Bla, bla, bla.
 
Mas sendo verdade que durante meses (os que durou esta substituição sem epidural) as comadres se juntaram para a "passagem de pasta", como noticiou alguma (pouca e a do costume, porque o acesso é limitado à boa) imprensa, como ficamos?
 
E as deslocações de Estocolmo a Lisboa, quem as pagou? Já para não falar das que tiveram lugar de Lisboa para Estocolmo, só para preparar as "cimeiras" de sexas.
 
E o segredo de estado (o mesmo que mantém em prisão domiciliária um "dux veteranorum"), foi beliscado?
 
O SIS não investiga? E o Conselho de Fiscalização nada tem a dizer? A oposição de direita, sempre tão ciosa dos interesses nacionais, não se questiona sobre o processo substitutivo natural, como se fossemos todos da mesma confraria (e estando os interesses da confraria acima de outros interesses)? E a muleta parlamentar de esquerda que sempre nutriu um "carinho" especial pelas actividades de informações do Estado, não quer saber o se se passou?
 
E o Presidente, essa alma grande e bondosa, prepara-se também ele para esquecer e perdoar?
 
Extraordinária ficção. A dos serviços de informações nacionais. Não é?

Caixa de Pandora

 

07 junho 2017

O grande e único

Com o rigor de um Longines, Pompeo estendia a toalhinha de mesa, alinhava o pão, o chouriço, o paio de Montalegre e a navalhinha comprada na feira de Vila Real. A garrafinha «La Casera» de sete e meio ficava sempre em lugar de destaque, cheia de nectar tinto, de boa cepa.

O chefe, uma vez mais,mas com toda a paciência do mundo dizia-lhe:«Ó Pompeo, vamos ter de acabar com isto!»

Pompeo, em acelerado, levando a «La Casera» aos queixos, retorquia: «É para já, meu coronel. É para já!»

06 junho 2017

Insanidade e refugo

Quem ouve o presidente da República, o primeiro ministro, os lideres partidários falarem no SIRP e nos serviços de informações fica com a ideia, FALSA, de que eles atribuem grande importância à sua missão e à sensibilidade das matérias que neles são tratadas.
 
A falsa importância dos serviços de informações é denunciada, desde logo, pelos processos de nomeação (ou de manutenção) dos seus dirigentes máximos.
 
A novela porto-riquenha em curso para nomeação do futuro secretário geral do SIRP é disso um bom exemplo.
 
E se outras razões não existissem, porque é que os senhores primeiros ministros (o atual não é o único) insistem em certas nomeações?
 
Sobretudo quando nunca lhes terá passado pela cabeça nomear um oficial de informações, por exemplo, para:
 
-Secretário geral do Ministério dos Negócios Estrangeiros
-Procurador geral da República
-Chefe do Estado Maior General das Forças Armadas
-Comandante Geral da GNR
-Diretor Nacional da PJ
-Diretor Nacional da PSP
-Diretor Nacional do SEF
-Comandante Geral da Polícia Marítima
 
 
Mas para o SIRP, SIED e SIS serve tudo. Até o refugo.
 
re·fu·go
(derivação regressiva de refugar)
substantivo masculino
1. Aquilo que sobra, que é posto de lado ou que não é escolhido, geralmente por ter menos qualidade. = REBOTALHO, RESTO
2. O que tem defeito ou não tem valor menor.
3. O que é considerado mais censurável do ponto de vista social ou moral.
"refugo", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa
 
 
NB - O caso de um individuo que há alguns anos ocupou um cargo de dirigente máximo no SIED, ultimamente recordado para justificar a não nomeação de oficiais de informações é usado de modo falacioso. Na verdade, o referido individuo fez carreira num serviço de segurança e transitou (da forma que bem se sabe) para o topo de um serviço de inteligência. Como se alguém que fez toda a sua carreira na GNR de repente fosse nomeado diretor nacional da PJ. Quem o nomeou? Quem propõs a sua nomeação?

02 junho 2017

São os interesses nacionais, estúpido

Ao contrário do que alguma argumentação tem carreado para a praça pública relativamente à indigitação de PG para secretário geral do SIRP, o que está em causa não é apenas a questão do perfil psicológico.
 
Se o fosse, seria grave e indesculpável, porque o passado recente sempre aconselharia um rastreio psicológico para candidatos a cargos de liderança no SIRP. À semelhança do que acontece (ou deveria acontecer) como requisito de ingresso no SIED ou no SIS.
 
Em causa está uma questão de carácter, uma questão ética e, finalmente, uma questão política.
 
A questão de carácter resulta da pusilanimidade demonstrada em face dos acontecimentos vividos em Timor-Leste, testemunhados por dezenas (indiretamente por milhões) de pessoas, e que uma versão pessoal e dulcificada está longe de afastar.
 
A questão ética resulta da compulsão negacionista da realidade. É verdade que a mentira pode resultar do perfil psicológico de um individuo, mas as suas consequências são, sempre, ferir de morte a dimensão moral dessa pessoa.
 
Finalmente, a questão política resulta evidente. Sendo o secretário geral do SIRP o responsável último do relacionamento internacional da instituição, com que cara aparecerá perante aqueles que, ainda vivos, testemunharam a tibieza demonstrada num momento em que a comunidade internacional esperava coragem e frontalidade? Em Timor-Leste, na Austrália, nos EUA, entre outros, não faltará quem sublinhe o picaresco da situação. Com que cara aparecerão os seus subordinados?
 
Mais do que servir clientelas, políticas ou outras, os serviços de informações têm por missão a defesa dos interesses nacionais.
 
E eles serão defendidos. Para cá e para lá do Torreão.

01 junho 2017

O diplomata errado para a cúpula secreta

José Vegar
 
 
 
O primeiro choque é provocado pelo facto de a nomeação ser mais um indicador nítido de que os partidos políticos portugueses não conseguem ter uma relação madura e profissional com os serviços de informações.
 
O segundo choque é provocado pelo facto de que o diplomata escolhido tenha acedido ao convite, recusando-se a aceitar, devido a complexos traços de personalidade, que o seu desempenho profissional como Secretário de Estado da Defesa, entre 1995 e 1997, e como chefe da Missão Diplomática Portuguesa no Referendo de Timor-Leste, em 1999, o impedem de ter capacidade para desempenhar a função em causa.
 
Para quem, como eu, estuda há mais de 25 anos o sistema de informações português, há um problema estrutural que nunca foi resolvido.
 
Os receptores primários e fundamentais do trabalho do sistema, o Presidente da República e o Governo, desconfiam, desvalorizam e menorizam a actividade e o produto dos agentes do sistema, ou seja dos serviços de informações, SIS e SIED.
 
Esta cultura manifesta-se tanto nas relações profissionais comuns entre os órgãos de soberania e os referidos serviços, como em momentos cruciais, como é este da escolha e nomeação de um secretário-geral do sistema.
 
Para dar conta aqui apenas das funções essenciais do cargo, o secretário-geral tem o poder para conhecer toda a informação investigada e produzida pelo sistema, o de determinar prioridades de investigações, bem como o de decidir o que deve ser comunicado ao Presidente da República e ao Governo, através do primeiro-ministro.
 
A função, então, tem de ser desempenhada por um secretário-geral politicamente ecuménico, e com uma personalidade talhada para resistir a pressões violentas e a riscos que, muitas vezes, estão relacionados com perigos maiores para os cidadãos portugueses.
 
Ao nomear o diplomata José Júlio Pereira Gomes, o primeiro-ministro desprezou esta exigência, juntando-se ao grupo de governantes que tem contribuído, nas últimas décadas, para uma contínua desvalorização institucional do papel dos serviços de informações na democracia portuguesa.
 
Neste episódio específico, a desvalorização é extremamente nítida porque o diplomata José Júlio Pereira Gomes não possui uma personalidade com a tipologia que apontei.
 
Da minha relação profissional, como jornalista, com o diplomata referido, tanto nas suas funções governamentais, como na sua liderança em Timor-Leste, há um vasto conjunto de traços de personalidade e de comportamentos que devo apontar.
 
Em primeiro lugar, o diplomata em causa não teve o profissionalismo necessário para lidar com o facto de que as funções que desempenhava estavam sujeitas a escrutínio público.
 
Esta incapacidade levou-o a considerar um vasto conjunto de investigações feitas por mim como ataques pessoais, e, num processo mental que ainda hoje me surpreende, a cometer um sistemático abuso de poder, informando pessoalmente os seus subordinados, no ministério da Defesa, e na missão em Timor-Leste, de que estavam proibidos de qualquer contacto pessoal e profissional comigo.
 
De seguida, o que aconteceu, no Ministério da Defesa, mas especialmente em Timor-Leste, foi que o diplomata cedeu mentalmente à pressão dos cargos que exerceu, e no caso de Timor ao contexto de segurança existente naqueles meses de 1999, e o pânico paranoico em que se encerrou determinou as suas decisões e actos.
 
Estas decisões e actos foram, muitas vezes, contrários aos objectivos da Missão que chefiava, afectaram os interesses portugueses, prejudicaram o desejo do povo timorense, e colocaram em risco vidas.
 
Mas, o mais importante é que o diplomata José Júlio Pereira Gomes nunca foi capaz de dar conta pública do seu comportamento nas funções profissionais que aqui isolo, entrando num processo de negação que dura até hoje.
 
Assim, a sua nomeação pelo primeiro-ministro é um acto de amadorismo que só pode ser explicado pela cultura governamental que refiro neste texto, mas a aceitação por parte do diplomata mostra claramente o que domina a sua personalidade.
 
Cabe agora à Assembleia da República, através da comissão indicada, promover o inquérito indispensável à adequação do nomeado ao cargo, e não sancionar a escolha governamental de modo burocrático e leviano.

Idoneidade, senhor Primeiro Ministro

Idoneidade.

É do que as pessoas estão a falar no Torreão.Ou se tem ou não se inventa.

O risco é que a falta de idoneidade acaba por rebentar em certas mãos.

Uma história tão velha como o mundo.