29 janeiro 2016

A quem possa interessar

Crónica de uma fiscalização anunciada

Os parlamentares têm a chegada prevista para as instalações centrais dos Serviço de Informações Estratégicas de Defesa (SIED) e Serviço de Informações de Segurança (SIS) para as 15:00, devendo ser recebidos pelo secretário-geral dos Serviços de Informações da República Portuguesa (SIRP), Júlio Pereira.
 
Um conselho: não se preocupem em esconder os tais equipamentos ambientais, depois da bica e das natas não há pachorra para picuinhices.
 
Uma campanha alegre e diligências felizes é o que se deseja.

A dualidade do cérebro

Questionado sobre se, durante as visitas às instalações do SIED, nunca viu aparelhos que permitissem às secretas realizar escutas ambientais, Mota Pinto admitiu não estar autorizado a pronunciar-se sobre tudo o que lá existe, mas considerou "normal" que, naqueles serviços, exista "material de uso dual", ou seja, se o utilizador quiser pode dar-lhe uma finalidade ilegal.
 
Também o cérebro pode ter uso dual: ou pensa ou é estúpido.

As costas largas do MO

Quando depôs, o ex-espião frisou perante o colectivo de juízes que se limitou "a cumprir o modus operandi dos serviços", referindo-se à lista de chamadas do jornalista Nuno Simas, obtida em agosto de 2010 através de uma então funcionária da Optimus, Gisela Teixeira, mulher de um agente dos serviços, Nuno Dias. Gisela Teixeira e Nuno Dias acabaram também por ser pronunciados para ir a lulgamento.

A estrelinha de Joana

Agora, caberá à procuradora-geral da República, Joana Marques Vidal, a decisão final sobre o inquérito-crime é mesmo para avançar e, a confirmar-se isso, a que departamento a investigação será entregue: se ao DIAP de Lisboa ou ao Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP).

Barbosa e os renitentes

Pedro Barbosa, professor de história na Universidade de Lisboa e ex-membro do Conselho de Fiscalização dos serviços de informações, declarou em tribunal ter ouvido espiões a contar outros episódios de acesso a faturações detalhadas dos telemóveis por parte das secretas. Porém, segundo relatou Pedro Barbosa, os seus interlocutores foram renitentes a apresentar provas.

Um pinto a andar de mota

Além do depoimento de João Luís, Teresa Almeida também mandou juntar à certidão as declarações feitas esta quinta-feira pelo ex-deputado do PSD Paulo Mota Pinto, ouvido como testemunha enquanto presidente do Conselho de Fiscalização do Sistema de Informações da República Portuguesa (CFSIRP). A iniciativa da magistrada foi aprovada pela juíza Rosa Brandão, que preside ao coletivo do julgamento do caso das secretas.

CRIME

O Ministério Público propôs e o colectivo de juízes aprovou uma certidão para a abertura de um novo inquérito-crime sobre a alegada existência de equipamento de escutas ambientais nos serviços secretos. Vão ser extraídas as declarações em julgamento de João Luís, antigo diretor operacional do SIED, para que a investigação possa ter lugar

Um pouco de história

A Companhia a prestar serviço público.

28 janeiro 2016

Telefones que escutam telefones

Antes das tecnologias existia, existe, material para escutas. Estive envolvido em várias dessas escutas e esse material ainda deve lá estar". Aparelhos esses que, explica, serviam para escutar "telefones fixos, de sala para sala". Hoje em dia, porém, o material técnico é outro e é utilizado em várias escutas ambientais, mas não em telemóveis: "Que eu saiba não existe nenhum para escutas de telemóveis".
 
Uma aula ambientalista.

27 janeiro 2016

Abrir o livro e a biblioteca

O Ministério Público deverá ser confrontado em breve com a necessidade de investigar a alegada prática generalizada de escutas ilícitas por parte dos serviços de informações. Tudo porque João Luís, ex-diretor do Serviço de Informações Estratégicas de Defesa (SIED) que está a ser julgado pelos crimes de acesso indevido a dados pessoais e abuso de poder no âmbito do chamado caso Ongoing, extravasou as fronteiras do processo na última sessão e afirmou claramente que os serviços de informações têm uma atividade regular que lhes está expressamente proibida pela lei: a realização de escutas ambientais. Perante a surpresa geral do tribunal, João Luís resolveu 'abrir o livro' – parte dele, pelo menos.

26 janeiro 2016

Notícias da frente

Se quer contar uma história, partilhar uma notícia ou um segredo, desabafar relativamente à atitude de um dos muitos cab...ões que polulam nos corredores do "chiqueiro" (lugar muito sujo, chafurda, pocilga, porqueira) não hesite
 
 
A sua consciência ficará bastante mais tranquila. A dos poltrões (se a têm) ficará com ainda mais insónias.

Eu nunca pedi um beijo

...quem mo deu foi meu amor.
 
Uma novela do século XXI.

25 janeiro 2016

É o modus operandi, estúpido!

"É "modus operandi" dos serviços terem acesso aos dados das operadoras (de telecomunicações) ", enfatizou João Luís, que durante 27 anos exerceu diversas funções nas secretas, primeiro no SIS e depois no SIED.

22 janeiro 2016

Jantaradas memoráveis

Estas.

21 janeiro 2016

Em princípio e no fim

O arguido referiu que, depois do caso Nuno Simas, teve ainda dois outros pedidos para aceder às chamadas de terceiros, uma delas por escrito. Insistiu que toda a atividade dos serviços é "posta em relatórios" que são, em princípio, do conhecimento do secretário-geral do SIRP (Serviço de Informações da República Portuguesa).
 
De quem seriam esses telefones? Será que algum dos actuais candidatos presidenciais estava na short list?

20 janeiro 2016

O rebentamento

Entretanto, o caso das secretas rebentou e Silva Carvalho não regressou às secretas, numa altura em que era apontado como provável novo secretário-geral do Serviço de Informações da República Portuguesa (SIRP).

19 janeiro 2016

A estragação

João Luís confessou que este processo lhe estragou a vida profissional e familiar, que está hoje divorciado e reformado, com uma pensão de 1.400 euros e dois filhos a viver com ele.
 
O tal processo foi apenas um grão de areia na estragação que andam a fazer há muitos anos. Vidas profissionais e familiares estragadas são às dezenas.
 
Nas forças de segurança vidas estragadas são aos milhares. Algumas perdidas irremediavelmente.
 
Tudo sob o odor diáfano da alheira. E com Mirandela no pensamento.

18 janeiro 2016

Simplismos

No Google, e porque ele fala, alguém reduziu esta tribuna às seguintes palavras de busca:
  • blog
  • inteligência
  • vinho
  • alheira
É certo que gostamos de coisas simples. Mas isto é simplismo.
 
Há muito mais blogue para além das palavras pesquisadas.

15 janeiro 2016

O fundidor

Justificou ainda a contratação de Silva Carvalho pelas suas qualidades de gestor, observando que este tinha concretizado com sucesso a fusão de serviços nas secretas.
 
Um sucesso que está à vista de todos. Tanto sucesso que nos últimos 5 anos terão sido mais de uma centena de elementos a querer mudar de ares.
 
Percebe-se a natureza do depoimento sobretudo se contextualizado na quadra de natal, as fadas e toda a fantasia.
 
O grupo de Mirandela/Pesqueira é que não deve ter achado muita piada à sonegação de créditos.

14 janeiro 2016

O abridor

Apesar de reconhecer que foi ele que "abriu a porta" para que Silva Carvalho trabalhasse na Ongoing, Nuno Vasconcellos disse ter sido Rafael Mora, vice-presidente executivo da empresa, que tratou das questões salariais e outros aspetos da contratação.
 
Noutras empresas, mais modestas é certo, são assistentes administrativos que tratam destas minudências. Aqui só havia vice-presidentes. À americana, claro está. E com o sucesso que se vê.

13 janeiro 2016

O amargurado

Nuno Vasconcellos revelou ter conhecido Silva Carvalho na Maçonaria há vários anos, depositar nele "grande confiança" e ter aceitado o seu pedido para o contratar porque o então diretor do SIED "andava amargurado" com o que se estava a passar nas secretas.
 
E será que estava amargurado ao ponto de andar a chorar no ombro de algum jornalista que quisesse denunciar o malestar nas secretas?
 
Amargo é nome de fonte?
 
E amarguinha?
 
Tudo isto é extraordinário.
 
 

12 janeiro 2016

Os facilitadores do costume

O presidente da Ongoing revelou esta quinta-feira que, quando Passos Coelho assumiu o cargo de primeiro-ministro em 2011, várias pessoas ligadas ao Governo lhe pediram que facilitasse o regresso às secretas do ex-"espião" Jorge Silva Carvalho.
 
Provavelmente os mesmos que negam que sequer o tenham conhecido.
 
Ou até os mesmos que beneficiaram das notícias publicadas em agosto de 2010, gentilmente fornecidas aos jornalistas do Público por gente de confiança da personagem aventureirista.
 
Uma operação de informações mal planeada e desastradamente executada.

11 janeiro 2016

É a vida

"No final (da história) levei um pontapé. É um exemplo que fica para os (colegas) que lá estão (nos serviços", disse, queixando-se da falta de apoio que teve do secretário-geral, que alegadamente lhe terá dito" Você foi apanhado no meio disto tudo. É a vida".
 
É desta massa que é feita a excelência do sistema.
 
A liderança pelo exemplo.

Acordo mínimo

Para fiscalizar, ou "fazer de conta", entram dois elementos com notável curriculo em matéria de informações e defesa de direitos liberdades e garantias dos seus concidadãos.
 
Já nem se dão ao trabalho de fingir.
 
 

08 janeiro 2016

Literatura

Trabalho em equipa

O antigo director-adjunto do SIED, Heitor Romana, que estava colocado em Moscovo à data dos factos, e a quem Silva Carvalho pediu informações sobre "os antecedentes de dois supostos amigos do Putin" condenou a utilização abusiva dos serviços de informações para fins privados. Falando no julgamento de Silva Carvalho, Romana confirmou ter recebido o pedido e ter respondido para o email do ex-director do SIED. "Vejo, de qualquer forma, com muita perplexidade a entrega de um documento oficial dos serviços a uma entidade externa", no caso a Ongoing, via Fernando Paulo Santos. "Isso é impensável."
 
A verdade é que, segundo provas da acusação, Silva Carvalho já negociava com Nuno Vasconcellos a entrada na Ongoing muito antes destes estranhos pedidos para Moscovo. No dia 23 de Outubro, uma semana antes de pedir a Heitor Romana que investigasse os dois cidadãos russos com que a Ongoing pretendia negociar, Jorge Silva Carvalho comunicou por sms a Nuno Vasconcellos: "Estou decidido. Se quiseres, a partir de 01DEZ10 sou da tua equipa."

07 janeiro 2016

Kung Fu

Quando vieram a Lisboa, em 2011, os dois russos foram recebidos na Ongoing por um grupo de administradores que já incluía Silva Carvalho. Numa nota quase humorística, Santos revela que o nome de código "Panda" existia, mas era na Ongoing, e para o próprio Silva Carvalho. A alcunha Panda do Kung-Fu terá pegado, dada a conhecida prática daquela arte marcial pelo antigo espião.
 
Kung Fu ou Fung Ku?

06 janeiro 2016

Aqui há Rato

Fernando Paulo Santos viajou, com outro quadro da Ongoing, Vasco Rato, para a Grécia. Conheceram o porto e os dois russos. E ambos desaconselharam a Ongoing de avançar no negócio. Vasco Rato contou, à revista Sábado, uma versão semelhante desta história. E até brincou com a "qualidade" do relatório dos serviços secretos fornecido por Silva Carvalho: "O que eu possa eventualmente ter lido sobre os russos não me surpreendeu porque nada acrescentou ao que eu já sabia quando investiguei no Google."
 
Ai se o Google falasse.
 
O problema é que ele fala. Mas numa língua que as alheiras não entendem.

05 janeiro 2016

Vladimir Putin

A história, garante, é bem mais simples. A Ongoing pretendia uma sociedade com os dois russos, comprando uma parte do porto privado (e não militar, como afirma Silva Carvalho) de Astakos. A finalidade seria instalar ali uma fábrica de fertilizantes para exportar para o Brasil. Segundo Fernando Paulo Santos, a ideia do negócio partiu de Nuno Vasconcellos, o dono da Ongoing, que lhe terá pedido para que contactasse Silva Carvalho, no SIED. Santos pediu, Silva Carvalho respondeu, esta parte é pacífica, e está documentada pelo Ministério Público. Mas o negócio gorou-se.
 
Era um investimento avultado - mais de mil milhões de euros -, para o qual a Ongoing não tinha capacidade financeira. Mas Nuno Vasconcellos terá insistido, alegadamente porque pretendia, através dos russos, aproximar-se de Vladimir Putin, para o incluir no lote de investidores nos seus produtos financeiros.
 
Mitómano? It takes two...

04 janeiro 2016

Follow the money

Fernando Paulo Santos quer saber os valores que Silva Carvalho afirma ter-lhe pago e quer ver as provas do pagamento. "Nunca recebi um cêntimo." Não só garante nunca ter recebido, como que se recusaria a trabalhar para os serviços de informações. "Seria indigno. Nunca trairia o país onde nasci [Angola], nem os amigos que possa lá ter. E nunca fui informador de ninguém."
 
Nem podia sê-lo, garante, porque entre o ano de 2007, quando conheceu Silva Carvalho, e 2009, Fernando Paulo Santos não viajou sequer para Angola.
 
Se um diz que pagou e o outro diz que não recebeu...é só fazer as contas. E iniciar uma nova linha de investigação.
 
A Companhia aposta que estamos cada vez mais perto do início do que do fim deste CASO DAS SECRETAS.