26 setembro 2017

O estranho caso do relatório estranho

Veio o Expresso de 23 de Setembro acordar Lisboa e o resto do país com um título de arromba. Relatório das secretas sobre Tancos arrasa ministro e militares. Hugo Franco e Luísa Meireles (pois é, essa mesma!) assinam o explosivo composto.
 
Na Companhia logo se estranhou. Primeiro, porque nenhum relatório de nenhum serviço público, e muito menos de informações, arrasa qualquer ministro. Pelo menos enquanto estiver em funções. Para os ministros da República os relatórios dos serviços de informações, as secretas como lhe chama o Expresso, são uma mistura de graxa e scotch brite. Tornam os ditos brilhantes por mais sujos que estejam.Segundo, porque a autora das meirelíadas "bebe do fino", que é como quem diz acede lá acima. Se ela fala num relatório é porque ele existe.As palavras "secretas", "explosivo" e "informações militares" são apenas engodos jornalísticos.
 
Que o relatório existe afirmou-o o Expresso no dia 23 e nos dias que se seguiram. Afirmaram-no vários dirigentes do PSD, desde logo o seu presidente. Afirmaram-no, pela negativa ("não é de um serviço de informações militar", "não é do SIS nem do SIED"), o presidente do afetos, o primeiro ministro da grande coligação, alguns ministros e chefes militares.
 
Da leitura do conteúdo do Expresso, um relatório que contenha aqueles considerandos e aquelas conclusões não parece um mau relatório. Ele apenas dá corpo aquilo que muitos pensam. Ficar preocupado com a existência do relatório e tranquilo quando lhe asseguram que não é um relatório oficial é próprio de quem vive num mundo avestrusiano de afetos virtuais, para consumo nas redes sociais.
 
À Companhia preocupa sobretudo que o estranho relatório não tenha sido elaborado pelos serviços de informações. Se o tivesse sido isso atestaria a maioridade dos serviços, dos seus dirigentes e da nossa Democracia.

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