16 novembro 2014

Subsídios

Para compreender melhor o jantar do Parque é aconselhável a leitura deste Porta da Loja e deste Portugal Profundo.
 
Saudações patrióticas aos respectivos autores.

Diz-me quem é o teu advogado

Dir-te-ei quem és.

O jantar do Parque (4)

Finalmente imaginem que:
 
  • Apesar de todas as tentativas, até de avençados internos (que os há), o Expresso publica na primeira página a notícia do envolvimento da Secreta no caso dos vistos dourados. E não há aqui que utilizar eufemismos porque se trata de um efectivo envolvimento
  • Ainda na noite de sexta feira, e no sábado de manhã, enquanto permaneciam detidos os cúmplices, começa a "circular" pel e os avençados a versão dos acontecimentos da organização mafiosa. Admitem tudo o que antes negavam. Afinal é considerado "normal" e "legal" um serviço do Estado ir fazer "limpezas" a casa de "amigos" e de outras instituições. Um dia talvez se saiba que uma equipa de limpeza foi "fora do horário de expediente" em diligência para o palacete da rua do Grémio Lusitano. Perante esta confissão não há Procuradoria que determine a instauração de inquérito? Não há "peculato de uso", "descaminho" ou "usurpação"? Ainda há estado de Direito?
  • E para brindar todos com uma primeira página eis que o padrinho (ou um deles, sobretudo porque falta a este a inteligência) se sai com uma revelação em primeira mão, pelo punho de uma avençada. Revelação que andava desde Agosto em preparação e era conhecida por centenas de pessoas. Era o jantar do Parque
  • Como técnica de manipulação é reveladora da incompetência que impera na Gomes Teixeira. Revela também que aquela gente não frequentou a Academia das Informações para estudar e treinar. Andou na Academia a cagar postas de pescada perante os indulgentes bocejos da plateia. Revela igualmente a incompetência que grassa nas tabernas dessa organização que trocou esquadro e o compasso pela nota de 500 euros. Lançar a bomba do jantar do Parque revela a falta de argumentos e o desespero. Não cuida do que a seguir pode acontecer e é por isso um acto suicida
  • Pode ser que alguém, nomeadamente alguns leais servidores do Estado, entre os quais juízes e procuradores estejam atentos a estes sinais e haja surpresas
  • Pode ser que estejamos, finalmente, próximos do fim da impunidade. Para isso têm de ser derrubados os muros do Segredo de Estado onde esta Hidra se entrincheirou
NÃO CONTINUA

O jantar do Parque (3)

Imaginem ainda que:
 
  • Para dar um sinal de grande empenhamento e deixar todos ligados (pela cúmplicidade) a uma prática que todos percebem ser irregular (senão ilegal e criminosa, por constituir obstrução à justica e peculato de uso de recursos do Estado), mandam-se figuras de topo da Secreta. Se necessário serão mais tarde envolvidos na investigação e descartados como idiotas úteis.
  • Sendo todos juristas, estes desleais servidores do Estado sabem bem que não podem fazer varrimentos nem limpezas electrónicas porque estamos no âmbito do Direito Administrativo, onde só se pode fazer o que a lei expressamente prevê. Não é admissivel a analogia. E a lei ao não admitir a realização de escutas não admite igualmente a sua detecção (até porque isso significa basicamente utilizar a mesma tecnologia). Há órgãos do Estados aos quais a lei comete expressamente a competência para investigar as escutas e até para as realizar, mediante autorização legal. Esses são os órgãos competentes (também técnicamente) para realizar varrimentos e limpezas. Se houvesse jornalistas descomprometidos a investigar fariam estas perguntas e não admitiriam respostas vagas como "é legal"
  • Continuando a fase de testes à investigação convocam-se jantares para os quais são convidados todos os membros da rede e os idiotas úteis. Se alguma coisa correr mal, "que não vai correr" é um barco muito grande para afundar. A teoria do "too big to fail" que levou o BES e o Salgado onde eles estão hoje, é aplicada à mafia dos vistos (não há nome mais apropriado para aquela organização criminosa). Estão todos juntos e orgulhosos. Estão "mais fortes"
  • Mas a investigação não só não para como dá frutos. Leais servidores do Estado emitem ordens e mandados. Há buscas e detenções. Há notícias não controladas. Há desespero e gente a perder a cabeça. Há telefonemas histéricos e ameaças de confissão. É preciso por em marcha os planos de contingência
  • Às perguntas pertinentes dos jornalistas há respostas de negação sistemática, ironia e soberba. É "tudo mentira". É tudo "uma cabala". É "uma guerra entre polícias e espiões". Já no passado tinhamos visto a tese da "guerrra entre empresas". Como são úteis as guerras e os idiotas que as travam
CONTINUA

O jantar do Parque (2)

Continuem a imaginar que:
 
  • Durante algum tempo tudo corre bem ao grupo de servidores públicos que mantêm reféns os serviços do Estado, com a conivência dos vigaristas que governam o dito. Os euros fluem aos milhões num momento em que mais faltam às famílias e aos próprios serviços públicos. Vender por 500 o que não custa mais de 100 é negócio rijo. Qual droga? Que armas? Imobiliário puro e duro. Até ao dia em que alguém se sentiu vigarizado. Era uma questão de tempo. Foram bater a uma porta em Lisboa, ali para as bandas da rua Gomes Freire.
  • Leais servidores do Estado, da polícia e do MP (é verdade, também existem e são a maioria) começam a investigar a itinerância do dinheiro e facilmente descobrem a origem e o destino dos fundos. Ao contrário do mito que altos responsáveis vão pondo a circular, a coisa mais simples do mundo é perceber esses fluxos. E hoje é infinitamente mais fácil e rápido do que era há 20 ou 30 anos
  • Os desleais servidores do Estado são avisados por avençados de que há investigações em curso
  • Habituados a lidar com estes inconvenientes, e com os contactos certos nos jornais do costume (são sempre os mesmos jornais e os mesmos avençados, nem isso conseguem mascarar, tal a má qualidade da manipulação), toca a plantar a notícia da investigação para a descredibilizar e para lançar a suspeita sobre as pessoas sérias envolvidas na investigação
  • Para testar o fim da investigação são solicitados (como de pizzas se tratassem...) uns varrimentos e umas limpezas eléctrónicas (sobre cuja competência técnica e legal nem vale a pena aqui opinar, porque seria desleal, e porque não confundimos quem manda com quem executa, na convicção de que são legítimas as instruções) a serviços amigos, controlados pela nossa gente
CONTINUA

O jantar do Parque (1)

Imaginem que:
 
  • Há muito tempo atrás, com o argumento de que era preciso pôr ordem em respeitáveis serviços do Estado se foram buscar juízes e procuradores. O outro argumento era de que assim estavam melhor garantidos os direitos dos cidadãos e o estado de Direito
  • Colocar juízes e procuradores à cabeça de um serviço público não passa de uma técnica de manipulação de grupo (conhecidíssima sobretudo em países com menor desenvolvimento) para evitar e condicionar investigações, instruções e condenações inconvenientes
  • À liderança do Estado vão chegando, independentemente dos partidos em que se apoiaram, uns vigaristas que nunca foram, nem serão, servidores do Estado
  • À medida que crescem as fortunas pessoais dos tais vigaristas, os servidores públicos à cabeças dos tais serviços públicos adquirem vida e pensamento próprio. E passam a invejar o património e o estilo de vida dos vigaristas. Decidem mimetizá-los e passarem a ter também eles rendimentos milionários
  • Alguns servidores públicos mais criativos e dinâmicos decidem montar lucrativos negócios com a aparência de respeitáveis serviços do Estado
  • Para servir os interesses nominais do Estado o grupo de servidores públicos apoia-se em organizações pre-existentes e decidem montar uma rede de influência em Portugal e no estrangeiro. Até podem oferecer empregos para garantir obediências e favores. E com os milhões do orçamentos do Estado até podem colocar antenas de captação de fundos nos países alvo. Por isso é que há países que são mais importantes do que outros
CONTINUA
 
O jantar do Parque é um retrato ficcional em 4 episódios sobre o momento único que está a viver a comunidade de informações em Portugal. Os restantes 3 serão hoje ainda publicados. Estejam portanto atentos.

15 novembro 2014

Excelência

O director e dois funcionários foram apanhados a fazer limpezas no gabinete do homem dos vistos.
 
Ao que isto chegou.
 
Noutros tempos mandavam duas funcionárias da limpeza e bastava.
 
Deve ser um sinal do patamar de excelência a que o bando dos cinco figurões levou o sistema.
 
Nunca menos do que um diretor. E não ter ido o padrinho significa apenas que teria diligências inadiáveis. Provavelmente no estrangeiro.

14 novembro 2014

Extraordinários figurões

É extraordinário o efeito que pode ter um bom título. A mensagem Os cinco Figurões teve estatísticas de leitura excepcionais. Provavelmente alguém enfiou a carapuça.
 
É importante lembrar que A Companhia é uma obra de ficção. Qualquer semelhança com a realidade só responsabiliza a própria realidade.
 
Boas leituras

Deve demitir-se?

Deve ser demitido. Mas como se a cumplicidade alastrou?

10 novembro 2014

Direitos Civis

O sonho de qualquer insecto era este. Até ao dia em que forem parar com as costas na choldra e se tornarem noveis recrutas da defesa dos direitos cívicos e da privacidade.
 
Já estivemos mais longe desse dia.
 
 

08 novembro 2014

Cheta

Não há cheta para lâmpadas ou papel para limpar as partes.
 
Há sempre cheta para a tarifa transcontinental em business. 
 
Para estes crimes o perdão vem já a seguir. Nomeadamente sob a forma de uma daquelas coisinhas irreversíveis.

06 novembro 2014

Mudança nas chefias

Uma renovação total. Que já começou. 
 
 

04 novembro 2014

Má consciência

Sempre é melhor do que inconsciência.
 
http://www.nytimes.com/2014/10/18/movies/snowden-film-tests-hollywood-obama-backers-.html?hp&action=click&pgtype=Homepage&version=HpSectionSumSmallMedia&module=pocket-region&region=pocket-region&WT.nav=pocket-region

02 novembro 2014

A lista dos 10

Apesar de não concordar-mos com ela, aqui fica uma lista de 10 filmes de espionagem.
 
 

30 outubro 2014

29 outubro 2014

Os cinco figurões

1. O adiantado mental. Manipulador e esquizofrénico. Generalista e palavroso. Beberrão e comilão. Candidato a tudo o que se situe entre a cirrose e a sífilis.
 
2. O comedor de enchidos. Prefere a diálise à análise. Conheceu o Bairro Alto quando lhe caíam já os últimos pelos da bola de bilhar que transporta sobre os ombros. Disfarça a ignorância com o silêncio sepulcral. Calaceiro. Lidera a camorra do golden. Tem quarto com vista para a refinaria. Tinha sonhos molhados com A e usava gola alta nas zonas baixas.
 
3. O lambedor de pequenos lábios. Mas também de grandes. Especializado nos obliquos. Conhece todos os hotéis de cinco estrelas abaixo do paralelo 38. E acima também. Ó trabalho vai-te embora. Angariador.
 
4. O turbinado. As necessidades levaram-lhe o sorriso. Labuta desde os 16 anos. Começou por cima em tudo. Mas adora ficar por baixo. De preferência com cabeleiras loiras e lingerie de renda. Domina o aparelho porque gosta de ser dominado. Se lhe inventariassem as más ações levava com um cúmulo superior à soma de todos os residentes em Alcoentre. Também gosta de golden. Mas de outra natureza.
 
5. O pervertido sublimado. Bateu com a porta para não ter de preencher a declaração inventada para tapar o sol com a peneira. Gosta de fatos de bom corte e de acompanhar com intelectuais. Ouvia a Paris-Lisboa. Gosta de pensar que ajudou a Dilma a chegar lá. Inventariou os interesses bolivarianos. Dormiu na tenda a ler o livro verde da revolução. Delineou estratégias em quartos de pensões entre o Fundão e Monfortinho. Buscou um porto seguro mas sempre à vista de costa. Cliente habitual do spa do Fórum.

O cúmulo do nojo

De tão promíscua, a situação até mete nojo.
 
Mas como nada se perde pode ser que ainda venha a ser evocada em juízo. Obviamente por alguém sem juízo algum.
 
Vidinhas tristes.
 
 

28 outubro 2014

Para honrar a inteligência

E porque não julgar os assassiníos de carácter?
 
Não na Alemanha, mas em Portugal.
 
 

27 outubro 2014

Dupla face

Enquanto os chefes dão raspanetes, os serventuários convidam-nos para a casa arrendada e servem-lhes chá e bolinhos.
 
 
 

25 outubro 2014

Serviços a sério

Dirigidos e fiscalizados por gente séria, com missões sérias.

E também têm parlamentos, governos e primeiros ministros a sério. E não atolambadas e ridículas criaturas.

http://therecord.com/news-story/4943744-csis-firearm-policies-leave-gun-toting-spies-without-proper-cover-watchdog/