Duzentos e trinta personas, mais lastro q.b., andam durante quatro anos a empastelar até que de repente ZÁS surge a brilhante proposta que vai reformar totalmente "as secretas" (que para tristeza dos avençados da rua do grémio cada vez será menos no plural e mais no singular).
Governo e maioria (ao que parece apoderados pelos sicários da rua do grémio, de outras facções partidárias) acordaram, a 4 meses de eleições (o que diz muito sobre o que esta gente pensa sobre Democracia e Legitimidade), para aprovar uma série de medidas legislativas, em vários pacotes, que, a serem aprovadas, irão encher os tribunais durante vários anos (alguns deles para sequer tentarem decifrar o chamado pensamento do legislador).
Algumas dessas medidas eram velhas aspirações dos quadros. Outras eram aspirações dos desenquadrados. Outras, aspirações dos que aspiram a enquadramento.
Se abstraírmos das medidas que se traduzem na criação de "tachos e tachinhos" e de outras mais ou menos inócuas, as medidas que permitem o acesso a um vasto número de bases de dados públicas, além de dados normalmente protegidos do acesso público (sigilo bancário ou fiscal) são reveladoras do estado de espírito da tal maioria, e dos tais apoderados.
Alguém, do maior partido da oposição, anda a dormir. As medidas que inicialmente visavam combater o terrorismo já se está mesmo a ver para o que vão servir (até os avençados da rua do grémio deixaram cair qualquer referência ao terrorismo).
A actual maioria quer lá saber de minudências (desde que se garantam uns "tachos e tachinhos" com as privatizações da legislatura, algumas realizadas em ambiente de contra-relógio) e é como o rei franciú "aprés moi le déluge".
Se, e sublinhamos o SE, estas medidas forem aprovadas e publicadas no diário do governo, tremerão como varas verdes estes procrastinadores inveterados só de pensar que deram mais instrumentos para melhorar a qualidade da nossa democracia, com muitas mais primeiras páginas nos "Correios da Manha", "Sabados", "Expressos" e "Novidades".