03 fevereiro 2016

Anedotário nacional

Quatro meses depois de ter começado o julgamento das secretas, que envolve crimes de violação do segredo de Estado, acesso ilegítimo a dados pessoais, abuso de poder e corrupção, a procuradora Teresa Almeida, que investigou o caso, está a ponderar se na próxima semana irá pedir a abertura de um novo inquérito-crime para apurar se o depoimento de um dos arguidos, feito na semana passada, corresponde à realidade. E se há novos crimes que justifiquem uma eventual futura acusação.
 
No dia 11 de janeiro, João Luís, antigo-diretor operacional do SIED (Serviço de Informações Estratégicas de Defesa), afirmou que os espiões, pelo menos até à sua saída de funções, em 2011, tinham equipamentos para fazer escutas ambientais que lhes permitiam interceptar conversas à distância, além de terem fontes humanas nas operadoras de telecomunicações, de forma a acederem aos registos telefónicos de pessoas, confirmando assim o que já antes tinha sido dito por Jorge Silva Carvalho, ex-diretor-geral do SIED e principal arguido do julgamento. Tudo práticas ilegais, que estão vedadas aos serviços.
 
Depois dessas declarações de dia 11, Teresa Almeida admitiu que pode vir a mandar extrair uma certidão do julgamento, para que seja aberto um novo inquérito-crime mas, segundo avançava esta quinta-feita o jornal online Observador, antes de tomar essa decisão a magistrada quer ouvir os depoimentos, no dia 28 de janeiro, dos membros do Conselho de Fiscalização do Sistema de Informações da República Portuguesa (CFSIRP), um órgão com poderes para inspecionar os serviços e cujos membros são nomeados pelo Parlamento.
 
Com tantos meios e tanta inteligência será que a falta de resultados resulta da má sorte ou da pura incompetência?

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