19 janeiro 2016

A estragação

João Luís confessou que este processo lhe estragou a vida profissional e familiar, que está hoje divorciado e reformado, com uma pensão de 1.400 euros e dois filhos a viver com ele.
 
O tal processo foi apenas um grão de areia na estragação que andam a fazer há muitos anos. Vidas profissionais e familiares estragadas são às dezenas.
 
Nas forças de segurança vidas estragadas são aos milhares. Algumas perdidas irremediavelmente.
 
Tudo sob o odor diáfano da alheira. E com Mirandela no pensamento.

18 janeiro 2016

Simplismos

No Google, e porque ele fala, alguém reduziu esta tribuna às seguintes palavras de busca:
  • blog
  • inteligência
  • vinho
  • alheira
É certo que gostamos de coisas simples. Mas isto é simplismo.
 
Há muito mais blogue para além das palavras pesquisadas.

15 janeiro 2016

O fundidor

Justificou ainda a contratação de Silva Carvalho pelas suas qualidades de gestor, observando que este tinha concretizado com sucesso a fusão de serviços nas secretas.
 
Um sucesso que está à vista de todos. Tanto sucesso que nos últimos 5 anos terão sido mais de uma centena de elementos a querer mudar de ares.
 
Percebe-se a natureza do depoimento sobretudo se contextualizado na quadra de natal, as fadas e toda a fantasia.
 
O grupo de Mirandela/Pesqueira é que não deve ter achado muita piada à sonegação de créditos.

14 janeiro 2016

O abridor

Apesar de reconhecer que foi ele que "abriu a porta" para que Silva Carvalho trabalhasse na Ongoing, Nuno Vasconcellos disse ter sido Rafael Mora, vice-presidente executivo da empresa, que tratou das questões salariais e outros aspetos da contratação.
 
Noutras empresas, mais modestas é certo, são assistentes administrativos que tratam destas minudências. Aqui só havia vice-presidentes. À americana, claro está. E com o sucesso que se vê.

13 janeiro 2016

O amargurado

Nuno Vasconcellos revelou ter conhecido Silva Carvalho na Maçonaria há vários anos, depositar nele "grande confiança" e ter aceitado o seu pedido para o contratar porque o então diretor do SIED "andava amargurado" com o que se estava a passar nas secretas.
 
E será que estava amargurado ao ponto de andar a chorar no ombro de algum jornalista que quisesse denunciar o malestar nas secretas?
 
Amargo é nome de fonte?
 
E amarguinha?
 
Tudo isto é extraordinário.
 
 

12 janeiro 2016

Os facilitadores do costume

O presidente da Ongoing revelou esta quinta-feira que, quando Passos Coelho assumiu o cargo de primeiro-ministro em 2011, várias pessoas ligadas ao Governo lhe pediram que facilitasse o regresso às secretas do ex-"espião" Jorge Silva Carvalho.
 
Provavelmente os mesmos que negam que sequer o tenham conhecido.
 
Ou até os mesmos que beneficiaram das notícias publicadas em agosto de 2010, gentilmente fornecidas aos jornalistas do Público por gente de confiança da personagem aventureirista.
 
Uma operação de informações mal planeada e desastradamente executada.

11 janeiro 2016

É a vida

"No final (da história) levei um pontapé. É um exemplo que fica para os (colegas) que lá estão (nos serviços", disse, queixando-se da falta de apoio que teve do secretário-geral, que alegadamente lhe terá dito" Você foi apanhado no meio disto tudo. É a vida".
 
É desta massa que é feita a excelência do sistema.
 
A liderança pelo exemplo.

Acordo mínimo

Para fiscalizar, ou "fazer de conta", entram dois elementos com notável curriculo em matéria de informações e defesa de direitos liberdades e garantias dos seus concidadãos.
 
Já nem se dão ao trabalho de fingir.
 
 

08 janeiro 2016

Literatura

Trabalho em equipa

O antigo director-adjunto do SIED, Heitor Romana, que estava colocado em Moscovo à data dos factos, e a quem Silva Carvalho pediu informações sobre "os antecedentes de dois supostos amigos do Putin" condenou a utilização abusiva dos serviços de informações para fins privados. Falando no julgamento de Silva Carvalho, Romana confirmou ter recebido o pedido e ter respondido para o email do ex-director do SIED. "Vejo, de qualquer forma, com muita perplexidade a entrega de um documento oficial dos serviços a uma entidade externa", no caso a Ongoing, via Fernando Paulo Santos. "Isso é impensável."
 
A verdade é que, segundo provas da acusação, Silva Carvalho já negociava com Nuno Vasconcellos a entrada na Ongoing muito antes destes estranhos pedidos para Moscovo. No dia 23 de Outubro, uma semana antes de pedir a Heitor Romana que investigasse os dois cidadãos russos com que a Ongoing pretendia negociar, Jorge Silva Carvalho comunicou por sms a Nuno Vasconcellos: "Estou decidido. Se quiseres, a partir de 01DEZ10 sou da tua equipa."

07 janeiro 2016

Kung Fu

Quando vieram a Lisboa, em 2011, os dois russos foram recebidos na Ongoing por um grupo de administradores que já incluía Silva Carvalho. Numa nota quase humorística, Santos revela que o nome de código "Panda" existia, mas era na Ongoing, e para o próprio Silva Carvalho. A alcunha Panda do Kung-Fu terá pegado, dada a conhecida prática daquela arte marcial pelo antigo espião.
 
Kung Fu ou Fung Ku?

06 janeiro 2016

Aqui há Rato

Fernando Paulo Santos viajou, com outro quadro da Ongoing, Vasco Rato, para a Grécia. Conheceram o porto e os dois russos. E ambos desaconselharam a Ongoing de avançar no negócio. Vasco Rato contou, à revista Sábado, uma versão semelhante desta história. E até brincou com a "qualidade" do relatório dos serviços secretos fornecido por Silva Carvalho: "O que eu possa eventualmente ter lido sobre os russos não me surpreendeu porque nada acrescentou ao que eu já sabia quando investiguei no Google."
 
Ai se o Google falasse.
 
O problema é que ele fala. Mas numa língua que as alheiras não entendem.

05 janeiro 2016

Vladimir Putin

A história, garante, é bem mais simples. A Ongoing pretendia uma sociedade com os dois russos, comprando uma parte do porto privado (e não militar, como afirma Silva Carvalho) de Astakos. A finalidade seria instalar ali uma fábrica de fertilizantes para exportar para o Brasil. Segundo Fernando Paulo Santos, a ideia do negócio partiu de Nuno Vasconcellos, o dono da Ongoing, que lhe terá pedido para que contactasse Silva Carvalho, no SIED. Santos pediu, Silva Carvalho respondeu, esta parte é pacífica, e está documentada pelo Ministério Público. Mas o negócio gorou-se.
 
Era um investimento avultado - mais de mil milhões de euros -, para o qual a Ongoing não tinha capacidade financeira. Mas Nuno Vasconcellos terá insistido, alegadamente porque pretendia, através dos russos, aproximar-se de Vladimir Putin, para o incluir no lote de investidores nos seus produtos financeiros.
 
Mitómano? It takes two...

04 janeiro 2016

Follow the money

Fernando Paulo Santos quer saber os valores que Silva Carvalho afirma ter-lhe pago e quer ver as provas do pagamento. "Nunca recebi um cêntimo." Não só garante nunca ter recebido, como que se recusaria a trabalhar para os serviços de informações. "Seria indigno. Nunca trairia o país onde nasci [Angola], nem os amigos que possa lá ter. E nunca fui informador de ninguém."
 
Nem podia sê-lo, garante, porque entre o ano de 2007, quando conheceu Silva Carvalho, e 2009, Fernando Paulo Santos não viajou sequer para Angola.
 
Se um diz que pagou e o outro diz que não recebeu...é só fazer as contas. E iniciar uma nova linha de investigação.
 
A Companhia aposta que estamos cada vez mais perto do início do que do fim deste CASO DAS SECRETAS.

31 dezembro 2015

A técnica

Devido a alguns problemas técnicos a migração definitiva para a nova morada está comprometida. Vamos continuando por aqui.
 
BOM ANO NOVO.

Controlo directo de fontes ou a roda livre

A primeira incongruência que Fernando Paulo Santos aponta na versão de Silva Carvalho é precisamente o desconhecimento da sua ligação à Ongoing. Se fosse mesmo sua "fonte", ainda por cima uma que "controlava directamente", como é que o espião podia desconhecer o seu principal emprego? Mas há mais… Santos afirma ter testemunhas de que os dois se encontraram, na sede da Ongoing, quando Silva Caravalho ainda dirigia o SIED.
 
O SIRP em absoluta roda livre. Nas conferências, cursos, seminários e workshops nem uma referência a esta temática.
 
Sob o ténue aroma da alheira, NO PASA NADA.

30 dezembro 2015

É mentira! É mentira! É mentira sim senhor!

"É mentira", afirma Fernando Paulo Santos, ao PÚBLICO. O empresário luso-angolano esclarece, aliás, que pretende pedir ao Ministério Público que o arrole como testemunha para apresentar, em Tribunal, a sua versão desta história que, como veremos, é totalmente diferente da de Silva Carvalho. Tanto, que está a preparar uma queixa-crime contra o ex-director do SIED por difamação. "Esse senhor é um mitómano", conclui Santos.

29 dezembro 2015

Pequenos pormenores

A Ongoing, que era afinal a principal interessada em toda a história dos dois cidadãos russos, porque queria ser sócia do porto grego, nem foi chamada para a versão dos factos de Silva Carvalho. O ex-espião garantiu ao Tribunal que nem sequer sabia que Fernando Paulo Santos era quadro da empresa… "Só em Fevereiro ou Março de 2011 é que me apercebi disso, quando ele foi chefiar a Ongoing África."
 
Comer muito queijo pode dar nestas coisas.

28 dezembro 2015

Canais negros

E Fernando Paulo Santos? Silva Carvalho continua a sua "revelação": Era uma "fonte" da secreta, que recebia um pagamento (que segundo informações não confirmadas costuma ser próximo dos 5 mil euros mensais, segundo a prática das secretas) e tinha o nome de código "Panda". "Era usado pelos serviços para fazer passar mensagens à nomenclatura de Angola através daquilo que designamos como canais negros, que são paralelos aos canais diplomáticos", afirmou Silva Carvalho, no julgamento, na passada quinta-feira, 3.
 
 

23 dezembro 2015

Delírio alvar ou alarve?

O próprio porto, na Grécia, era um "alvo" para os serviços, elucidou Silva Carvalho: "Era um porto militar usado pelos Estados Unidos para operações encobertas de envio de armas para o Médio Oriente." Esta é talvez a parte mais desconcertante do depoimento, uma vez que o ex-director do SIED parece querer dizer que os EUA usam um porto privado russo para desembarcar armas, e que a secreta portuguesa vigia atentamente estas manobras, mas ainda há mais…