02 junho 2017

São os interesses nacionais, estúpido

Ao contrário do que alguma argumentação tem carreado para a praça pública relativamente à indigitação de PG para secretário geral do SIRP, o que está em causa não é apenas a questão do perfil psicológico.
 
Se o fosse, seria grave e indesculpável, porque o passado recente sempre aconselharia um rastreio psicológico para candidatos a cargos de liderança no SIRP. À semelhança do que acontece (ou deveria acontecer) como requisito de ingresso no SIED ou no SIS.
 
Em causa está uma questão de carácter, uma questão ética e, finalmente, uma questão política.
 
A questão de carácter resulta da pusilanimidade demonstrada em face dos acontecimentos vividos em Timor-Leste, testemunhados por dezenas (indiretamente por milhões) de pessoas, e que uma versão pessoal e dulcificada está longe de afastar.
 
A questão ética resulta da compulsão negacionista da realidade. É verdade que a mentira pode resultar do perfil psicológico de um individuo, mas as suas consequências são, sempre, ferir de morte a dimensão moral dessa pessoa.
 
Finalmente, a questão política resulta evidente. Sendo o secretário geral do SIRP o responsável último do relacionamento internacional da instituição, com que cara aparecerá perante aqueles que, ainda vivos, testemunharam a tibieza demonstrada num momento em que a comunidade internacional esperava coragem e frontalidade? Em Timor-Leste, na Austrália, nos EUA, entre outros, não faltará quem sublinhe o picaresco da situação. Com que cara aparecerão os seus subordinados?
 
Mais do que servir clientelas, políticas ou outras, os serviços de informações têm por missão a defesa dos interesses nacionais.
 
E eles serão defendidos. Para cá e para lá do Torreão.

01 junho 2017

O diplomata errado para a cúpula secreta

José Vegar
 
 
 
O primeiro choque é provocado pelo facto de a nomeação ser mais um indicador nítido de que os partidos políticos portugueses não conseguem ter uma relação madura e profissional com os serviços de informações.
 
O segundo choque é provocado pelo facto de que o diplomata escolhido tenha acedido ao convite, recusando-se a aceitar, devido a complexos traços de personalidade, que o seu desempenho profissional como Secretário de Estado da Defesa, entre 1995 e 1997, e como chefe da Missão Diplomática Portuguesa no Referendo de Timor-Leste, em 1999, o impedem de ter capacidade para desempenhar a função em causa.
 
Para quem, como eu, estuda há mais de 25 anos o sistema de informações português, há um problema estrutural que nunca foi resolvido.
 
Os receptores primários e fundamentais do trabalho do sistema, o Presidente da República e o Governo, desconfiam, desvalorizam e menorizam a actividade e o produto dos agentes do sistema, ou seja dos serviços de informações, SIS e SIED.
 
Esta cultura manifesta-se tanto nas relações profissionais comuns entre os órgãos de soberania e os referidos serviços, como em momentos cruciais, como é este da escolha e nomeação de um secretário-geral do sistema.
 
Para dar conta aqui apenas das funções essenciais do cargo, o secretário-geral tem o poder para conhecer toda a informação investigada e produzida pelo sistema, o de determinar prioridades de investigações, bem como o de decidir o que deve ser comunicado ao Presidente da República e ao Governo, através do primeiro-ministro.
 
A função, então, tem de ser desempenhada por um secretário-geral politicamente ecuménico, e com uma personalidade talhada para resistir a pressões violentas e a riscos que, muitas vezes, estão relacionados com perigos maiores para os cidadãos portugueses.
 
Ao nomear o diplomata José Júlio Pereira Gomes, o primeiro-ministro desprezou esta exigência, juntando-se ao grupo de governantes que tem contribuído, nas últimas décadas, para uma contínua desvalorização institucional do papel dos serviços de informações na democracia portuguesa.
 
Neste episódio específico, a desvalorização é extremamente nítida porque o diplomata José Júlio Pereira Gomes não possui uma personalidade com a tipologia que apontei.
 
Da minha relação profissional, como jornalista, com o diplomata referido, tanto nas suas funções governamentais, como na sua liderança em Timor-Leste, há um vasto conjunto de traços de personalidade e de comportamentos que devo apontar.
 
Em primeiro lugar, o diplomata em causa não teve o profissionalismo necessário para lidar com o facto de que as funções que desempenhava estavam sujeitas a escrutínio público.
 
Esta incapacidade levou-o a considerar um vasto conjunto de investigações feitas por mim como ataques pessoais, e, num processo mental que ainda hoje me surpreende, a cometer um sistemático abuso de poder, informando pessoalmente os seus subordinados, no ministério da Defesa, e na missão em Timor-Leste, de que estavam proibidos de qualquer contacto pessoal e profissional comigo.
 
De seguida, o que aconteceu, no Ministério da Defesa, mas especialmente em Timor-Leste, foi que o diplomata cedeu mentalmente à pressão dos cargos que exerceu, e no caso de Timor ao contexto de segurança existente naqueles meses de 1999, e o pânico paranoico em que se encerrou determinou as suas decisões e actos.
 
Estas decisões e actos foram, muitas vezes, contrários aos objectivos da Missão que chefiava, afectaram os interesses portugueses, prejudicaram o desejo do povo timorense, e colocaram em risco vidas.
 
Mas, o mais importante é que o diplomata José Júlio Pereira Gomes nunca foi capaz de dar conta pública do seu comportamento nas funções profissionais que aqui isolo, entrando num processo de negação que dura até hoje.
 
Assim, a sua nomeação pelo primeiro-ministro é um acto de amadorismo que só pode ser explicado pela cultura governamental que refiro neste texto, mas a aceitação por parte do diplomata mostra claramente o que domina a sua personalidade.
 
Cabe agora à Assembleia da República, através da comissão indicada, promover o inquérito indispensável à adequação do nomeado ao cargo, e não sancionar a escolha governamental de modo burocrático e leviano.

Idoneidade, senhor Primeiro Ministro

Idoneidade.

É do que as pessoas estão a falar no Torreão.Ou se tem ou não se inventa.

O risco é que a falta de idoneidade acaba por rebentar em certas mãos.

Uma história tão velha como o mundo.

31 maio 2017

Besuntema

O Besunte não é apenas um local de encontro, é um modo de estar na vida.

25 maio 2017

diário de uma sopeira

Nunca conseguiu ir além de mocinha de recados.
 
Do que fala, sem embaraço ou vergonha, percebe pevas.
 
Capachinho do azeiteiro de serviço.
 
Assim se fez uma carreirinha.

19 maio 2017

O estigma social

E a história da Carochinha.

Pelo meio há histórias de Ogres, Bruxas, Mestres Jedis e Chefs (de taberna, como é bom de ver). Muitos milhões de euros e milhas voadas depois, este é um balanço a merecer, claro está, a comenda no 10 de junho.

As crónicas do país dos afetos.

«Aplaudindo a proposta dos centristas, semelhante, aliás, à do governo e ambas discutidas esta quarta-feira no parlamento, o chefe dos espiões faz um balanço dramático dos serviços. "A perda de operacionalidade decorre em boa medida de uma tendência constante de perda de quadros qualificados, que resulta não apenas do envelhecimento da pirâmide etária, mas, crescentemente, da falta de atratividade e de capacidade de retenção de talento, quando falamos de trabalhadores jovens e superiormente dotados de competências transversais, com interesse para o mercado de trabalho dentro e fora do país".

Diz o magistrado que se "verifica um claro desequilíbrio entre o permanente escrutínio de segurança, os decorrentes impedimentos e o estigma social, por um lado, e o leque menor de direitos funcionais face ao previsto para trabalhadores de regime geral, por outro".

Júlio Pereira recorda que a proposta de lei do anterior governo, que, além do acesso aos metadados- chumbada pelo Tribunal Constitucional (TC) - "visava, antes de mais, a inadiável modernização administrativa dos serviços de informações, regidos por um estatuto funcional obsoleto, inalterado desde 1991". Apesar de o TC ter vetado apenas um dos artigos, todo o diploma ficou sujeito à caducidade no final da legislatura, sem que não tivesse havido iniciativa legislativa para resolver, pelo menos, as questões da carreira dos espiões.

Para o magistrado "permanece não apenas a necessidade de dotar os serviços de informações de meios operacionais críticos, como é o acesso aos metadados, mas também de reconhecer que estes serviços públicos carecem de um novo regime, atualizado à luz da mais recente reforma administrativa, depois de ter ficado à margem de sucessivas reformas legislativas ocorridas nas últimas décadas". Assinala que "o SIS e o SIED continuam a ser regidos por legislação de 1991, rendo perdido dignidade e competitividade face às demais entidades ao serviço das missões de salvaguarda da soberania nacional". Compara mesmo a situação dos espiões com a "constante evolução e investimento nos demais corpos especiais, tais como o corpo diplomático, as Forças e Serviços de Segurança e as Forças Armadas, que foram sendo consistentemente dotados de meios legais, de programação de recursos logísticos e tecnológicos, de renovação e qualificação do capital humano".»

A geração SEM-SEM

SEM vergonha.

SEM desculpa.

 

«O demissionário secretário-geral das secretas, Júlio Pereira, diz que os serviços perderam "dignidade" e "competitividade"

As secretas portuguesas perderam "operacionalidade" e "quadros qualificados", têm um estatuto "obsoleto" e, nos últimos anos, têm também perdido a "dignidade e a competitividade" face às polícias e às Forças Armadas. O retrato implacável é assumido nem mais nem menos pelo demissionário secretário-geral do Sistema de Informações da República Portuguesa (SIRP), Júlio Pereira, procurador, há 12 anos a dirigir os espiões. E será o "caderno de encargos" para o recém indigitado embaixador José Júlio Pereira Gomes, que governo escolheu para comandar o SIRP.

Num parecer enviado à Assembleia da República sobre o projeto-lei do CDS para que as secretas possam aceder aos chamados "metadados" das comunicações da internet e dos telefones (identidade dos utilizadores, números utilizados e localização), Júlio Pereira, revela, em nota de despedida, que deixa para trás uns serviços de informações em rutura.»

16 maio 2017

Os primeiros mandamentos do Besunte

1º Não chegarás à hora marcada

2º Nunca farás reserva de mesa

3º Cumprimentarás o Besunte com um <<Besssssuuuuuuunnnnnte>>

4º Ignorarás ostensivamente os representantes oficiais e oficiosos dos membros da seita

5º Entre o pernil e a feijoada escolherás sempre a feijoada

6º Quando encontrares o camarada zé no Besunte perguntar-lhe-ás se é o senhor Tozé Brito

7º Quando te perguntarem se preferes branco ou tinto responderás <<enche lá essa merda!>>

8º Lançarás no mínimo dois <<Besssssuuuuuuunnnnnte>> por cada refeição

9º Quando te perguntarem o que queres de sobremesa respondes <<enche lá essa merda!>>

10º Nunca te retiras antes do terceiro Whyte & Mackay

10 maio 2017

O regresso do ciberespião

Fontes do Torreão (devidamente escrutinadas pelos orelhudos lá postos) confirmam que será brevemente projectada em sessão vip no auditório uma película sobre o iminente regresso do excelso cavaleiro do ciberespaço, caído nos campos de batalha virtuais às mãos de um ciberguerreiro que há muito abraçou o lado branco da força.

A não perder.

As mesmas fontes confirmam que o Zé já reservou lugar na primeira fila.

08 maio 2017

Besuntema

O Camané é cá nos nossos. Vai ser agraciado no próximo mês com a Medalha de Mérito Besunte.

06 maio 2017

Besuntema

Quem não Besunte não é bom benfiquista.

25 abril 2017

O ciberataque

Agora que a piscina funciona na perfeição e foi efectuada uma auditoria completa sobre o que causou a avariada prolongada há fortes indícios que apontam na direção de um ciberataque.
 
Um reputado especialista interno, na sua vida anterior muito familiarizado com a passagem de cabos de rede e fichas RJ45, terá mesmo remetido ao camarada Zé o relatório completo (851 páginas de anexos) do ataque.
 
Fontes do Besunte referem que o relatório foi discutido durante 4 horas, ininterruptamente, enquanto dose intermináveis de Pernil iam sendo trazidas para a mesa.

22 abril 2017

Duelo de peões

Nos serviços de informações portugueses, vários projetos de poder confrontam-se num duelo entre diferentes formas de conceber a função da espionagem e o serviço de inteligência. O dossiê sobre um território longínquo na África Central ganha contornos que extravasam os corredores sombrios dos serviços e o seu desfecho poderá ter consequências imprevisíveis para as quais os mais experientes terão de se preparar. Entre a incompetência do poder político e o lastro da rede maçónica, cresce a promiscuidade, e grassa o desinteresse e a indiferença. "Duelo de Espiões" é uma caricatura realista do SIS e SIED e dos seus protagonistas cujo secretismo esconde o inexorável vazio do parecer sem nunca, na verdade, o ser. O equilíbrio ténue entre a integridade e a total disponibilidade em servir o País e o aproveitamento de vantagens para ser servido.
 
 
 
 
 
 
 
 
 

19 abril 2017

Enquanto uns vão outros não aparecem

O bananal em que se transformou aquilo permite tudo. Há os que saem pela porta da frente (ou será o pórtico) e os que nem lá põem os pés, com medo daquela personagem que vive permanentemente num universo situado entre o de Harry Potter e o das Crónicas de Narnia.

03 abril 2017

A escalada terrorista e o teorema do assalto ao pote

"Com a actual escalada terrorista, não deveriam ser disponibilizados mais meios para os serviços de informação?
A carência de meios, fruto dos constrangimentos económico-financeiros que o país tem vivido nos últimos anos, em especial nos últimos quatro ou cinco anos, fez com que houvesse uma diminuição do investimento não só a nível material, dos equipamentos, mas também muito acentuada dos recursos humanos. Por isso, é necessário voltarmos a investir de forma programada e realista dentro dos constrangimentos conhecidos de todos. Temos de começar a fazer novos investimentos, não só no SIRP, nos serviços de informações, mas nas polícias em geral."

29 março 2017

O Desafio da Mochila (9)

Quem é que levaria na mochila:
  • 3 DVD da série Kung Fu Panda
  • 1 Sony Xperia
  • 1 chave da Mercedes E-Class Wagon
  • 1 embalagem de fusion sushi, com wasabe e pauzinhos

24 março 2017

O Desafio da Mochila (6)

Quem é que levaria na mochila:
  • 1 embalagem de óleo de coco
  • 1 embalagem de creme de corpo demi-sel
  • 1 charro
  • 2 raquetes de sinalização para movimentação de aeronaves

14 março 2017

O Desafio da Mochila (8)

Quem é que levaria na mochila:
  • 6 tomos das obras escolhidas de V.I. Lenine
  • 1 exemplar do Avante, série 1, nº 1 de 15 de Fevereiro de 1931
  • 1 exemplar do Até amanhã camaradas, de Manuel Tiago
  • 1 exemplar da TESE  SOBRE  A  SITUAÇÃO  MUNDIAL  E  A  TAREFA  DA INTERNACIONAL COMUNISTA ( Comunicação ao III congresso da III internacional comunista, Junho de 1921)

09 março 2017

O Desafio da Mochila (7)

Quem é que levaria na mochila:
  • 1 programa de geografia 7, 8 e 9 ano
  • 1 pente desembaraçador para cabelos raros
  • 1 embalagem de calcitrin mega 5000 un
  • 1 caixote de xanax

21 fevereiro 2017

Passou mais um ano

E vão 9. Há gente a fazer xixi para frasquinhos com menos tempo na casa grande.