28 julho 2015

Insultos à inteligência

Sob o pretexto de "Pensar a segurança" escrevem-se, por vezes, curiosidades únicas.
 
Num destes pensamentos vem o autor negar que convida à censura na internet, presume-se que às áreas de comentários de publicações online, por conterem insultos "anónimos e cobardes".
 
Depois surgem as forças de segurança e os serviços de informações num curioso mix em que todos trabalhariam para descobrir quem insultou de forma anónima e cobarde. Como se não existisse política criminal nem avaliação da ameaça. Seria o regresso ao Farwest ou à Rússia soviética.
 
Generalizar nesta matéria é obviamente manipular. O mix FS+SI não é mais do que a receita usada pelo arco da desgovernação no novo regime do SIRP. Veremos no que dará a receita.
 
E a referência ao Google e ao Facebook é também ela muito curiosa. Afinal se, como afirma o autor, os dados são fornecidos voluntariamente pelas empresas aos SI dos países de origem não há qualquer anonimato. Podem as FS, portanto, investigar e os tribunais punir. Se os SI fornecerem os tais dados às FS, como é de presumir que o fazem.
 
Para escrever sobre certos assuntos é conveniente ter mais do que umas luzes. E não misturar alhos com bugalhos. Ou haverá inteligências que se sentirão insultadas. E um artigo que até pode ter interesse acaba por passar despercebido, de tão confuso.
 

23 julho 2015

O tempo e o modo

Uma proposta de lei que surge no fim de uma legislatura.
 
Sem pensamento. Sem tino. Sem nexo.
 
Não houve livro branco, verde ou azul.
 
A maioria de oportunidade e os demais oportunistas vão nisto.
 
Não passaram um cheque em branco aos serviços de informações. Passaram-no, apenas.
 
Tenham medo. tenham muito medo.

09 julho 2015

Um lacão que nem sempre é lacónico

Tendo dado rosto (sem nunca ter desmentido ou sido desmentido) ao acordo de refugo sobre o SIRP, remeteu-se ao silêncio. O secretário-geral Costa não é tido nem achado neste negócio cuja jurisdicção é da rua do grémio.
 
Como é tão diferente  do dia em que tiveram de o mandar calar por várias vezes em sede de Comissão.
 
Se a política fosse uma praia ele seria um surfista.
 
Um profissional.
 
Os metadados na versão intriga.

06 julho 2015

Os idiotas secretos

Pedro Tadeu (Diário de Notícias, 16-6-2015) exerce o seu legítimo direito de opinião em "Vamos ser controlados por idiotas secretos?".
 
A extensa lista de argoladas é atribuída a idiotas secretos.
 
Estamos em desacordo, ainda que parcial. São idiotas, mas não são secretos. Toda a gente sabe quem são ou foram os autores. É só perguntarem a gente séria das "secretas".
 
Foram políticos, aspirantes a políticos, para-quedistas, esquizofrénicos e outra gente que esteve, ou ainda está, ligada às ditas "secretas". Alguns até foram promovidos (nas "secretas" e fora delas). Uns são ou foram, ministros, generais, embaixadores, conselheiros, directores-gerais, etc.
 
Chamar idiotas às centenas de funcionários é injusto. E Pedro Tadeu sabe que sim.

02 julho 2015

Os metadados

Não há eufemismo made in usa que não faça o seu caminho em Portugal. E há várias razões que estão na origem desse atavismo. A primeira é mesmo preguiça. A segunda é parolice. E um parolo acha sempre que os outros são mais burros do que ele próprio.
 
A expressão metadados que a imprensa avençada da rua do grémio preferiu a dados de tráfego é aparentemente mais modernaça (porque remete directamente para a América, a NSA e Edward Snowden) e inofensiva.
 
A tese dos avençados é "inconstitucional e proíbido é fazer escutas. Obter metadados é legítimo e permitido, pois a Constituição não os refere". Nem sequer é necessário mexer na Constituição, dizem. Descobriram o ovo de Colombo. Até ao dia em que o tal Tribunal Constitucional lhes vier estragar a brincadeira, como é previsível que aconteça (este governo é um viveiro de constitucionalistas a contrario).
 
Os tais metadados são assim chamados exactamente porque permitem inferências muito para além dos dados e do que qualquer cérebro humano pode processar. Os metadados são tudo menos inofensivos e são tratados por supercomputadores e algoritmos especificamente concebido para determinadas finalidades.
 
A este respeito (supercomputadores e algoritmos) estamos conversados. Alguém vai ficar sentado à espera de uma doação do tio da américa sob a forma de aplicação informática. E depois de muito esperar vai receber.
 
Entretanto os metadados serão obtidos da forma clássica, isto é, sob a forma de dados de facturação. Do senhor X, do senhor Y ou da senhora Z. Serão tratados a olhómetro, como outros o foram no passado, e servirão para alimentar convicções pré-concebidas (ou preconceituosas). Estarão a meio caminho entre o voyeurismo e a má-lingua. Nunca terão nada a ver com informações.
 
Mas a expressão metadados, na hipocrisia que resulta da sua utilização, lembra aquele tipo (e que tipo) que dizia que já tinha fumado erva, mas não inalado.

30 junho 2015

À boleia

Quando se anunciou que finalmente o SIS ia ter acesso à facturação detalhada de alvos "de processos em investigação" houve alminhas, algumas até com vocação jurídica, que deram pulos de contentamento. Apressaram-se a dizer que a nova lei (a proposta, ou o que vier a resultar) iria ser anexada a um processo crime que corre termos nas varas criminais da capital.
 
Pode não passar de um pueril desejo, um devaneio jurídico ou uma mera imbecilidade. Mas deu lugar a mais uma notícia. E logo numa altura em que as boas notícias são (ou deviam ser) a ausência de notícias.
 
Quem gosta de andar à boleia devia ver o clássico "Terror na auto-estrada".

29 junho 2015

Navegação

"Quem, por qualquer meio, perante autoridade ou publicamente, com a consciência da falsidade da imputação denunciar ou lançar sobre determinada pessoa a suspeita da prática de crime é punido com pena de prisão até 3 anos".
 
"Se o meio utilizado pelo agentese traduzir em apresentar, alterar ou desvirtuar meio de prova, o agente é punido compena de prisão até 5 anos".
 
Esta práctica é especialmente insidiosa e censurável. Sobretudo se o agente estiver investido em funções públicas ou poderes de autoridade.
 
Alguns poderão pensar que a Companhia se refere a benfiquistas, cuspidelas e bastonadas. Quem de direito deve preocupar-se em fazer justiça nesses casos.
 
Aqui trata-se apenas de fazer um aviso à navegação.

27 junho 2015

383

Uma anedota. Mais uma a somar ao acervo acumulado em 10 anos de anedotas. Felizmente está tudo nos anais, para que a mentira seja desmascarada. Quando for o tempo de tirar (arrancar) as máscaras. Mas há direitos e expectativas que foram lesados.
 
Trezentas e oitenta e três acções em vara cível.
 
Trezentas e oitenta e três pesadas indemnizações exigidas a quem de direito.
 
Uma única exigência de direito de regresso.
 
Já há filas no consultório de um reputado causídico.
 
383

26 junho 2015

Sempre solteira

É lembrado o "caso Veiga Simão". Talvez mais para lembrar a responsabilidade do PS do que pela semelhança das situações.
 
Veiga Simão foi afastado do cargo de ministro da Defesa. Mas a culpa continuou solteira.
 
Neste caso (se é possível chamar caso a isto, mas lá voltaremos) ninguém será afastado (a não ser o scapegoat que estiver à mão).
 
E ela continuará solteira.
 
Como é original a política em Portugal. Para bem do grémio e dos agremiados.

25 junho 2015

São João

Em dia de São João, além dos martelinhos e do alho porro, também houve que picar o balão.
 
A Ameixoeira a necessitar, urgentemente, de uma renovação na forma como comunica. É que nem todos papam grupos.

24 junho 2015

O dilúvio

Duzentos e trinta personas, mais lastro q.b., andam durante quatro anos a empastelar  até que de repente ZÁS surge a brilhante proposta que vai reformar totalmente "as secretas" (que para tristeza dos avençados da rua do grémio cada vez será menos no plural e mais no singular).
 
Governo e maioria (ao que parece apoderados pelos sicários da rua do grémio, de outras facções partidárias) acordaram, a 4 meses de eleições (o que diz muito sobre o que esta gente pensa sobre Democracia e Legitimidade), para aprovar uma série de medidas legislativas, em vários pacotes, que, a serem aprovadas, irão encher os tribunais durante vários anos (alguns deles para sequer tentarem decifrar o chamado pensamento do legislador).
 
Algumas dessas medidas eram velhas aspirações dos quadros. Outras eram aspirações dos desenquadrados. Outras, aspirações dos que aspiram a enquadramento.
 
Se abstraírmos das medidas que se traduzem na criação de "tachos e tachinhos" e de outras mais ou menos inócuas, as medidas que permitem o acesso a um vasto número de bases de dados públicas, além de dados normalmente protegidos do acesso público (sigilo bancário ou fiscal) são reveladoras do estado de espírito da tal maioria, e dos tais apoderados.
 
Alguém, do maior partido da oposição, anda a dormir. As medidas que inicialmente visavam combater o terrorismo já se está mesmo a ver para o que vão servir (até os avençados da rua do grémio deixaram cair qualquer referência ao terrorismo).
 
A actual maioria quer lá saber de minudências (desde que se garantam uns "tachos e tachinhos" com as privatizações da legislatura, algumas realizadas em ambiente de contra-relógio) e é como o rei franciú "aprés moi le déluge".
 
Se, e sublinhamos o SE, estas medidas forem aprovadas e publicadas no diário do governo, tremerão como varas verdes estes procrastinadores inveterados só de pensar que deram mais instrumentos para melhorar a qualidade da nossa democracia, com muitas mais primeiras páginas nos "Correios da Manha", "Sabados", "Expressos" e "Novidades".
 
 
 
 
 
 

23 junho 2015

O crocodilo

O presidente do órgão que alegadamente fiscaliza as secretas tem o condão de ddeixar muita gente atónita. Não tanto pelo que faz, mas mais pelo que diz.
 
Foi-lhe imposta a disciplina de voto numa matéria que ele próprio considera insconstitucional. Diz mestre Pereira e nós concordamos.
 
Mais um caso para a comissão de ética ou apenas uma comichão de ética?

17 junho 2015

Aliviado

Comenta-se nos bastidores do SIRP que um alto responsável terá confidenciado a um dos figurões da banda dos duzentos e trinta que se sentia "aliviado" após a aprovação em conselho de ministros da proposta de lei quadro.
 
Quem sabe se o tal alto responsável quis mimetizar outro alto responsável que também se disse "aliviado", sem cuidar do peso conotativo das palavras?
 
Depois de uma "grande cagada" qualquer um se sente "aliviado".

16 junho 2015

Bloco central

A publicidade não paga que devia ser fiscalizada pela ERC.
 
As banalidades do costume sob a forma de novidades. A correia de transmissão do Bairro Alto em convergência et pour cause com o governo.
 
E a nossa segurança, como fica?
 
Isto tem a ver com segurança. Com a segurança deles.
 
Felizmente há quem esteja atento. E determinado.

Megaorçamento

"Em 2014, a verba subiu para 12,7 milhões de euros, contrastando comos montantes atribuídos ao SIS e ao SIED, respectivamente de 8,7 e de 5,8 milhões de euros".
 
Megaorçamento lembra Megapicnic.
 
Será que o Tony Carreiravai ser convidado para a festa de encerramento?

09 junho 2015

Fait divers

"O nível da ameaça em Portugal justifica que os serviços sejam dotados e um meio tão intrusivo e limitador dos direitos fundamentais?"
 
Estamos a falar de investigação criminal ou de informações?
 
As conversas douradas são apenas um fait divers?

08 junho 2015

Serviço público

A melhor propaganda do PS é a obsessão do PSD.
 
Com marqueteiros assim estão garantidos. Na oposição. Por quatros anos. Merecidos.

05 junho 2015

O recruta zero (2)

Há muitos dirigentes das secretas que defendem o recurso a intercepções por parte dos serviços.
 
Até há pelo menos um que estará a braços com a justiça por alegadamente ter recorrido a tais meios. E outros poderão vir a estar no futuro previsível.
 
Mas os mesmos dirigentes clamam a necessária revisão constitucional que "liberalize" as intercepções.
 
Não pois diferenças entre estes dirigentes e o ex-líder que tem dúvidas.

03 junho 2015

O recruta zero (1)

No dia da Estratégia o ex-líder do SIS foi em contracorrente ao que é defendido pela quase totalidade dos (ex-) dirigentes das secretas. O ex-líder tem dúvidas de que as intercepções telefónicas fossem benéficas para os serviços.
 
A Companhia não sabe se as intercepções são benéficas para os outros serviços de informações.
 
Se fossem prejudiciais certamente seriam generalizadamente rejeitadas.
 
Ou talvez os serviços portugueses sejam comoo recruta da historieta militar: é o único que vai como passo certo.

01 junho 2015

O diagnóstico

O diagnóstico feito em 14 de Maio pelo juíz desembargador e as suas opiniões deixaram a sala em absoluto silêncio.
 
Talvez o autor da reportagem preferisse que a sala irrompesse aos gritos de "For he's a jolly good fellow..." ou "Husa! Husa! Husa!". Sempre teria mais um apontamento de reportagem.
 
Da próxima vez talvez se ouça um afinado e tonitroante "SLB! SLB! SLB! Glorioso SLB!". Como não é na praça do Marquês de Pombal e não  se vendem cervejas em garrafa não háo perigo de tudo terminar numa valente carga policial.
 
Isso sim, seria um óptimo apontamento de reportagem.