16 novembro 2014

O jantar do Parque (4)

Finalmente imaginem que:
 
  • Apesar de todas as tentativas, até de avençados internos (que os há), o Expresso publica na primeira página a notícia do envolvimento da Secreta no caso dos vistos dourados. E não há aqui que utilizar eufemismos porque se trata de um efectivo envolvimento
  • Ainda na noite de sexta feira, e no sábado de manhã, enquanto permaneciam detidos os cúmplices, começa a "circular" pel e os avençados a versão dos acontecimentos da organização mafiosa. Admitem tudo o que antes negavam. Afinal é considerado "normal" e "legal" um serviço do Estado ir fazer "limpezas" a casa de "amigos" e de outras instituições. Um dia talvez se saiba que uma equipa de limpeza foi "fora do horário de expediente" em diligência para o palacete da rua do Grémio Lusitano. Perante esta confissão não há Procuradoria que determine a instauração de inquérito? Não há "peculato de uso", "descaminho" ou "usurpação"? Ainda há estado de Direito?
  • E para brindar todos com uma primeira página eis que o padrinho (ou um deles, sobretudo porque falta a este a inteligência) se sai com uma revelação em primeira mão, pelo punho de uma avençada. Revelação que andava desde Agosto em preparação e era conhecida por centenas de pessoas. Era o jantar do Parque
  • Como técnica de manipulação é reveladora da incompetência que impera na Gomes Teixeira. Revela também que aquela gente não frequentou a Academia das Informações para estudar e treinar. Andou na Academia a cagar postas de pescada perante os indulgentes bocejos da plateia. Revela igualmente a incompetência que grassa nas tabernas dessa organização que trocou esquadro e o compasso pela nota de 500 euros. Lançar a bomba do jantar do Parque revela a falta de argumentos e o desespero. Não cuida do que a seguir pode acontecer e é por isso um acto suicida
  • Pode ser que alguém, nomeadamente alguns leais servidores do Estado, entre os quais juízes e procuradores estejam atentos a estes sinais e haja surpresas
  • Pode ser que estejamos, finalmente, próximos do fim da impunidade. Para isso têm de ser derrubados os muros do Segredo de Estado onde esta Hidra se entrincheirou
NÃO CONTINUA

O jantar do Parque (3)

Imaginem ainda que:
 
  • Para dar um sinal de grande empenhamento e deixar todos ligados (pela cúmplicidade) a uma prática que todos percebem ser irregular (senão ilegal e criminosa, por constituir obstrução à justica e peculato de uso de recursos do Estado), mandam-se figuras de topo da Secreta. Se necessário serão mais tarde envolvidos na investigação e descartados como idiotas úteis.
  • Sendo todos juristas, estes desleais servidores do Estado sabem bem que não podem fazer varrimentos nem limpezas electrónicas porque estamos no âmbito do Direito Administrativo, onde só se pode fazer o que a lei expressamente prevê. Não é admissivel a analogia. E a lei ao não admitir a realização de escutas não admite igualmente a sua detecção (até porque isso significa basicamente utilizar a mesma tecnologia). Há órgãos do Estados aos quais a lei comete expressamente a competência para investigar as escutas e até para as realizar, mediante autorização legal. Esses são os órgãos competentes (também técnicamente) para realizar varrimentos e limpezas. Se houvesse jornalistas descomprometidos a investigar fariam estas perguntas e não admitiriam respostas vagas como "é legal"
  • Continuando a fase de testes à investigação convocam-se jantares para os quais são convidados todos os membros da rede e os idiotas úteis. Se alguma coisa correr mal, "que não vai correr" é um barco muito grande para afundar. A teoria do "too big to fail" que levou o BES e o Salgado onde eles estão hoje, é aplicada à mafia dos vistos (não há nome mais apropriado para aquela organização criminosa). Estão todos juntos e orgulhosos. Estão "mais fortes"
  • Mas a investigação não só não para como dá frutos. Leais servidores do Estado emitem ordens e mandados. Há buscas e detenções. Há notícias não controladas. Há desespero e gente a perder a cabeça. Há telefonemas histéricos e ameaças de confissão. É preciso por em marcha os planos de contingência
  • Às perguntas pertinentes dos jornalistas há respostas de negação sistemática, ironia e soberba. É "tudo mentira". É tudo "uma cabala". É "uma guerra entre polícias e espiões". Já no passado tinhamos visto a tese da "guerrra entre empresas". Como são úteis as guerras e os idiotas que as travam
CONTINUA

O jantar do Parque (2)

Continuem a imaginar que:
 
  • Durante algum tempo tudo corre bem ao grupo de servidores públicos que mantêm reféns os serviços do Estado, com a conivência dos vigaristas que governam o dito. Os euros fluem aos milhões num momento em que mais faltam às famílias e aos próprios serviços públicos. Vender por 500 o que não custa mais de 100 é negócio rijo. Qual droga? Que armas? Imobiliário puro e duro. Até ao dia em que alguém se sentiu vigarizado. Era uma questão de tempo. Foram bater a uma porta em Lisboa, ali para as bandas da rua Gomes Freire.
  • Leais servidores do Estado, da polícia e do MP (é verdade, também existem e são a maioria) começam a investigar a itinerância do dinheiro e facilmente descobrem a origem e o destino dos fundos. Ao contrário do mito que altos responsáveis vão pondo a circular, a coisa mais simples do mundo é perceber esses fluxos. E hoje é infinitamente mais fácil e rápido do que era há 20 ou 30 anos
  • Os desleais servidores do Estado são avisados por avençados de que há investigações em curso
  • Habituados a lidar com estes inconvenientes, e com os contactos certos nos jornais do costume (são sempre os mesmos jornais e os mesmos avençados, nem isso conseguem mascarar, tal a má qualidade da manipulação), toca a plantar a notícia da investigação para a descredibilizar e para lançar a suspeita sobre as pessoas sérias envolvidas na investigação
  • Para testar o fim da investigação são solicitados (como de pizzas se tratassem...) uns varrimentos e umas limpezas eléctrónicas (sobre cuja competência técnica e legal nem vale a pena aqui opinar, porque seria desleal, e porque não confundimos quem manda com quem executa, na convicção de que são legítimas as instruções) a serviços amigos, controlados pela nossa gente
CONTINUA

O jantar do Parque (1)

Imaginem que:
 
  • Há muito tempo atrás, com o argumento de que era preciso pôr ordem em respeitáveis serviços do Estado se foram buscar juízes e procuradores. O outro argumento era de que assim estavam melhor garantidos os direitos dos cidadãos e o estado de Direito
  • Colocar juízes e procuradores à cabeça de um serviço público não passa de uma técnica de manipulação de grupo (conhecidíssima sobretudo em países com menor desenvolvimento) para evitar e condicionar investigações, instruções e condenações inconvenientes
  • À liderança do Estado vão chegando, independentemente dos partidos em que se apoiaram, uns vigaristas que nunca foram, nem serão, servidores do Estado
  • À medida que crescem as fortunas pessoais dos tais vigaristas, os servidores públicos à cabeças dos tais serviços públicos adquirem vida e pensamento próprio. E passam a invejar o património e o estilo de vida dos vigaristas. Decidem mimetizá-los e passarem a ter também eles rendimentos milionários
  • Alguns servidores públicos mais criativos e dinâmicos decidem montar lucrativos negócios com a aparência de respeitáveis serviços do Estado
  • Para servir os interesses nominais do Estado o grupo de servidores públicos apoia-se em organizações pre-existentes e decidem montar uma rede de influência em Portugal e no estrangeiro. Até podem oferecer empregos para garantir obediências e favores. E com os milhões do orçamentos do Estado até podem colocar antenas de captação de fundos nos países alvo. Por isso é que há países que são mais importantes do que outros
CONTINUA
 
O jantar do Parque é um retrato ficcional em 4 episódios sobre o momento único que está a viver a comunidade de informações em Portugal. Os restantes 3 serão hoje ainda publicados. Estejam portanto atentos.

15 novembro 2014

Excelência

O director e dois funcionários foram apanhados a fazer limpezas no gabinete do homem dos vistos.
 
Ao que isto chegou.
 
Noutros tempos mandavam duas funcionárias da limpeza e bastava.
 
Deve ser um sinal do patamar de excelência a que o bando dos cinco figurões levou o sistema.
 
Nunca menos do que um diretor. E não ter ido o padrinho significa apenas que teria diligências inadiáveis. Provavelmente no estrangeiro.

14 novembro 2014

Extraordinários figurões

É extraordinário o efeito que pode ter um bom título. A mensagem Os cinco Figurões teve estatísticas de leitura excepcionais. Provavelmente alguém enfiou a carapuça.
 
É importante lembrar que A Companhia é uma obra de ficção. Qualquer semelhança com a realidade só responsabiliza a própria realidade.
 
Boas leituras

Deve demitir-se?

Deve ser demitido. Mas como se a cumplicidade alastrou?

10 novembro 2014

Direitos Civis

O sonho de qualquer insecto era este. Até ao dia em que forem parar com as costas na choldra e se tornarem noveis recrutas da defesa dos direitos cívicos e da privacidade.
 
Já estivemos mais longe desse dia.
 
 

08 novembro 2014

Cheta

Não há cheta para lâmpadas ou papel para limpar as partes.
 
Há sempre cheta para a tarifa transcontinental em business. 
 
Para estes crimes o perdão vem já a seguir. Nomeadamente sob a forma de uma daquelas coisinhas irreversíveis.

06 novembro 2014

Mudança nas chefias

Uma renovação total. Que já começou. 
 
 

04 novembro 2014

Má consciência

Sempre é melhor do que inconsciência.
 
http://www.nytimes.com/2014/10/18/movies/snowden-film-tests-hollywood-obama-backers-.html?hp&action=click&pgtype=Homepage&version=HpSectionSumSmallMedia&module=pocket-region&region=pocket-region&WT.nav=pocket-region

02 novembro 2014

A lista dos 10

Apesar de não concordar-mos com ela, aqui fica uma lista de 10 filmes de espionagem.
 
 

30 outubro 2014

29 outubro 2014

Os cinco figurões

1. O adiantado mental. Manipulador e esquizofrénico. Generalista e palavroso. Beberrão e comilão. Candidato a tudo o que se situe entre a cirrose e a sífilis.
 
2. O comedor de enchidos. Prefere a diálise à análise. Conheceu o Bairro Alto quando lhe caíam já os últimos pelos da bola de bilhar que transporta sobre os ombros. Disfarça a ignorância com o silêncio sepulcral. Calaceiro. Lidera a camorra do golden. Tem quarto com vista para a refinaria. Tinha sonhos molhados com A e usava gola alta nas zonas baixas.
 
3. O lambedor de pequenos lábios. Mas também de grandes. Especializado nos obliquos. Conhece todos os hotéis de cinco estrelas abaixo do paralelo 38. E acima também. Ó trabalho vai-te embora. Angariador.
 
4. O turbinado. As necessidades levaram-lhe o sorriso. Labuta desde os 16 anos. Começou por cima em tudo. Mas adora ficar por baixo. De preferência com cabeleiras loiras e lingerie de renda. Domina o aparelho porque gosta de ser dominado. Se lhe inventariassem as más ações levava com um cúmulo superior à soma de todos os residentes em Alcoentre. Também gosta de golden. Mas de outra natureza.
 
5. O pervertido sublimado. Bateu com a porta para não ter de preencher a declaração inventada para tapar o sol com a peneira. Gosta de fatos de bom corte e de acompanhar com intelectuais. Ouvia a Paris-Lisboa. Gosta de pensar que ajudou a Dilma a chegar lá. Inventariou os interesses bolivarianos. Dormiu na tenda a ler o livro verde da revolução. Delineou estratégias em quartos de pensões entre o Fundão e Monfortinho. Buscou um porto seguro mas sempre à vista de costa. Cliente habitual do spa do Fórum.

O cúmulo do nojo

De tão promíscua, a situação até mete nojo.
 
Mas como nada se perde pode ser que ainda venha a ser evocada em juízo. Obviamente por alguém sem juízo algum.
 
Vidinhas tristes.
 
 

28 outubro 2014

Para honrar a inteligência

E porque não julgar os assassiníos de carácter?
 
Não na Alemanha, mas em Portugal.
 
 

27 outubro 2014

Dupla face

Enquanto os chefes dão raspanetes, os serventuários convidam-nos para a casa arrendada e servem-lhes chá e bolinhos.
 
 
 

25 outubro 2014

Serviços a sério

Dirigidos e fiscalizados por gente séria, com missões sérias.

E também têm parlamentos, governos e primeiros ministros a sério. E não atolambadas e ridículas criaturas.

http://therecord.com/news-story/4943744-csis-firearm-policies-leave-gun-toting-spies-without-proper-cover-watchdog/

24 outubro 2014

O suspeito do costume e a incendiária

 
Pelo menos evitam-se discussões sobre assuntos sérios,  não é?

Aviso

Antes de abrirem a boca para debitarem o clássico disparate leiam, senhores doutores da mula ruça. Leiam muito.

http://internacional.elpais.com/internacional/2014/10/23/actualidad/1414090789_346689.html

23 outubro 2014

Candidato ao prémio

"Deves ter andado a dormir nos últimos anos."
 
 

O falhanço e o falhado

Se apesar de tudo se afirma que o CSIS falhou, o que dizer de um membro do governo que compromete a segurança dos seus compatriotas e faz troça do labor das forças de segurança?
 
 

22 outubro 2014

O salvador da pátria

O negócio dos enchidos parece que está para liquidação por mudança de ramo.

Como já vai sendo hábito, um mau hábito diga-se, vão-se alinhando os putativos sucessores contra a parede. É um processo com mais semelhanças com uma execução em massa do que com um reconhecimento policial.

Porque na linha falta ele. O salvador da pátria. O regressado. O homem providencial. O injustiçado. O amigo do seu amigo . O homem que aprendeu no terreno a ética da ommertà. O que negociou com descendentes de George, Lenin e Mao.

O facto de estar envolvido na maior trambiqueirice ocorrido na comunidade das ditas é irrelevante. É que todos os outros também estão.

19 outubro 2014

5000

 
 
O que aconteceu em janeiro de 2012? Nesse mês a Companhia quase atingiu as 5000 visitas.
 
Nunca antes isso tinha acontecido. E não voltou a acontecer.
 
Furibundos andavam os insectos, esvoaçando sem tino e recorrendo desesperados à escória do mundo IT. A mesma que era perseguida e confinada por estruturas sólidas, compostas por pessoas decentes.
 
Uma comédia.
 
Na perspectiva dos que amam esta terra onde nasceram os nossos pais e avós uma inominável tragédia.

15 outubro 2014

Períodos eleitorais

Como disse uma vez um insecto com inclinação para os enchidos: o problema são os períodos eleitorais.
 
Cuidem-se portanto. Já há notícia dos primeiros candidatos. E das primeiras vítimas.
 
É assim há 25 anos e nada muda. Excepto os tais insectos.

14 outubro 2014

Os merceeiros

Quando os negócios imobiliários atrapalham o permanente e metódico mister da inteligência há que remeter o seu a seu dono. O problema é que o ramo de negócios da família não é o imobiliário mas a mercearia.

Vermes e outros invertebrados

O sandworm.
 
Lembra qualquer coisa?  Pois lembra.
 
http://www.wired.com/2014/10/russian-sandworm-hack-isight/

10 outubro 2014

Portas

O sistema é, para os fortes, uma porta giratória. Para os restantes uma porta blindada.
 
Mas também os fortes enfraquecem. E um dia ver-se-ão, como a Alice, do outro lado.

08 outubro 2014

Zombies

Se a inanidade pagasse impostos hoje, ao fim do dia, os valores do deficit teriam sofrido uma queda dramática. Em Campolide imperou o vazio e o inútil. Porque é que Portugal ainda paga a zombies?
 
E os rostos de olhar perdido, pagos por todos nós, para aplaudir os seus carrascos?
 
Dante. Como já se tornou habitual.

A implosão

Quando o discurso radical desagua na situação instalada temos, mais do que indícios, sinais
 
Teremos revelações. Será o Apocalipse

07 outubro 2014

O clã da carne fresca

O rebotalho da família, que do trabalho e da sua ética apenas ouviu falar, pela-se por carne fresquinha. E é capaz de tudo para a conseguir. Nem que tenha de correr meio mundo.

30 setembro 2014

Enigmas

Porque é que pessoas supostamente inteligentes e educadas aceitam pacificamente a liderança de insectos, saidos directamente do mioceno inferior?
 
Haverá em tanta inteligência e educação problemas éticos de raíz?
 
Será atraente a escorrência viscosamente repugnante da boçalidade troglodita?

23 setembro 2014

O conto do vigário

A vida está difícil para todos.
 
E é legítimo e louvável contrariar o dogma oficial do empobrecimento regenerador.
 
Questionável é a atitude dos que, nunca tendo vendido nada para além da dignidade, se propõem aconselhar a internacionalização.
 
Palpita que a secção de burlas vai ter acréscimo de serviço.

19 setembro 2014

13 de Agosto de 2014

Será para sempre lembrado pela Comunidade de Informações em Portugal como o Dia da Infâmia.

15 setembro 2014

Made in China

Via El Pais, 15-9-2014.

21 junho 2014

Negócios escuros

 
 
http://www.independent.co.uk/news/world/americas/secret-state-trevor-paglen-documents-the-hidden-world-of-governmental-surveillance-from-drone-bases-to-black-sites-9536376.html

19 junho 2014

Extinção

"O presidente do Conselho Económico e Social (CES), Silva Peneda, considerou que o país precisa de "uma visão a médio prazo" para resolver "os problemas de investimento", porque estes não são possíveis de resolver "com medidas imediatistas". Uma das propostas que lançou foi a de descentralização dos serviços do Estado, em vez do seu encerramento." Público,  14.06.2014.
 
Alguém lúcido, felizmente. O actual caminho apenas tem garantida a extinção da comunidade política Portugal em 2 ou 3 gerações. Se tanto.

16 junho 2014

Abusos

É difícil acreditar que um profissional da segurança presidencial exigiu de um fotojornalista que apagasse fotografias obtidas do desfalecimento presidencial.
 
Excesso de zelo ou falta de formação adequada? Adequada para regimes democráticos.
 
Em ditadura é difícil imaginar o que poderia suceder ao jornalista. Poderia ser apagado. O mesmo que poderia acontecer aos actuais apagadores perante uma sublevação de massas. Elas existem. 
 
Revisitar a cidadania precisa-se!

14 junho 2014

Cidadão honorário

"La sénatrice centriste Catherine Morin-Desailly a déposé avec sa collègue de l'UDI Chantal Jouanno une proposition de résolution au Sénat visant à faire d'Edward Snowden un citoyen d'honneur et à lui offrir l'asile en France." Le Monde, 14.06.2014.
 
Os princípios emergem da luta política. Em França

13 junho 2014

Renovações

Via El Pais online.

11 junho 2014

Ano I DS *

* Depois de Snowden

10 junho 2014

O real e o fictício

"É tempo de o medo dar lugar à esperança", afirmou o chefe de Estado por ocasião das comemorações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas.
 
O que é estranho é que no país real cada vez se vê gente com menos medo. E também com menos esperança.
 
E isso é que é preocupante.

09 junho 2014

Redes sociais

A CIA está no Twitter e no Facebook. A conta do Twitter contava ao fim de 90 minutos de existência com mais de 84000 seguidores.
 
Quem se der ao trabalho de pesquisar no Twitter vai encontrar uma conta criada em 2012 ao que parece por um congénere da CIA. Português, claro. A conta esteve activa uma semana, mais coisa menos coisa. E na parte da interactividade com os internautas responde como uma Anta. A conta ainda não foi apagada. E merece uma visita de carácter museológico
 
Pelo menos ao Twitter parece que os portugueses chegaram antes. Mas não ficaram muito tempo.

06 junho 2014

Prioridades

Via El Pais online.

03 junho 2014

O país e as pessoas

O diário espanhol El Pais de 2-6-2014 apresenta na sua seção de economia um artigo que remete para a decisão de um juíz do foro administrativo da Catalunha. http://economia.elpais.com/economia/2014/06/01/actualidad/1401646155_570258.html.
 
Na decisão, o magistrado considera que os cortes salariais de um funcionário público, no caso um polícia dos Mossos, justificam a acumulação de funções privadas, no caso a advocacia, independentemente de autorização. E apesar do regime legal de incompatibilidades
 
O juíz considera que só são incompatíveis funções com idêntica natureza. Só estas podem conflituar. Mais considera que ser polícia não conflitua com o exercício da advocacia.
 
Vem isto a propósito das notícias que nos chegam de elementos das forças de segurança que têm necessidade de um segundo emprego para manter o poder de compra, negado pelos cortes nos salários e pelos aumentos dos impostos.
 
E também quando se discute a aprovação de um período de nojo para os oficiais de informações. 
 
Há os que pensam que as decisões do Tribunal Constitucional não tomam em consideração a situação real do país.
 
Nós pensamos que manter em vigor o regime de incompatibilidades e introduzir períodos de nojo incompreensíveis é não tomar em consideração a situação real das pessoas.
 
E as pessoas cá estarão para julgar.

22 maio 2014

Parceria Publico Privada

Extraordinário.
 
Andamos todos enganados e não sabiamos. Afinal não não houve trânsito de informações para o setor privado... como afinal andou o privado a ajudar o público.
 
Foi, à sua maneira, uma parceria público privada. Uma PPP. Mais uma. E tal como as restantes deveria passar incólume depois  de uma indolor CPI. Comissão Parlamentar de Inquérito. E provavelmente ainda iremos descobrir que o privado é credor do público  por serviços prestados.
 
O drama de tudo isto está em que já passaram  nove anos sobre a institucionalização deste verdadeiro caso de polícia.
 
De traição se falará depois

21 maio 2014

A exclusidade e os amendoins

Nos últimos dias um sindicato de profissionais de polícia veio a público alertar para duas coisas.

A primeira é a quantidade de profissionais que estão a saír da força para desempenhar funções noutras instituições, nacionais e estrangeiras. O número é de tal modo elevado que os pedidos de licenças sem vencimento estarão a ser travados.

A segunda é a quantidade de profissionais que, à revelia dos regulamentos, estão a desempenhar uma segunda actividade

A significativa redução de salários, sem que tivesse havido redução de preços de bens e serviços (muito pelo contrário), deveria preocupar quem governa. No mínimo deveriam ser revistos os regulamentos para evitar o ilícito da violação da exclusividade. Um governo liberal faria isso. Mas não temos um governo liberal.

E quem paga em amendoins...

07 maio 2014

30 anos

No próximo dia 5 de setembro passam 30 anos sobre a criação do SIRP.

É claro que já ninguém liga a estas datas. Sobretudo os que estão convencidos que o SIRP nasceu no dia em que eles tomaram posse. Ou os que pensam que ele morreu no dia em que o deixaram (de forma voluntária ou involuntária).

Talvez fosse de começarem a pensar numa comemoração digna. Longe de certos antros. E só a casa da Democracia tem essa dignidade. É um regresso à origem.

E podem acreditar que a tal Casa não é nem no Restelo nem na Ameixoeira.

Não se esqueçam!

28 abril 2014

Vaidades umbilicais

Os Anonymous decidiram comemorar os 40 anos do 25 de Abril com um ataque aos sites da Procuradoria-Geral com alegada exposição/comprometimento de dados.
    Como já se vem tornando um hábito são maiores os efeitos da publicidade destas notícias do que os efeitos dos supostos ataques.
    Não queremos aqui avaliar o mérito das causas dos Anonymous. E muito menos avaliar a suposta ilicitude dos atos por eles praticados. Para isso existem outras entidades.
    Os ataques dos Anonymous filiam-se no que a novel doutrina ciber denomina hacktivismo e os seus objetivos são a publicidade. É bom relembrar isto porquanto não há, tanto quanto se sabe, uma intenção clara de causar prejuízo nem de obter lucros. Do ponto de vista criminal (para aqueles que são mais focados nesta área) o dolo contínua a ser central e, por esse motivo, não é irrelevante apurar se ele está ou não presente. Por estes motivos é que qualquer semelhança que se queira traçar entre terrorismo e hacktivismo não passa de dolo criativo.
    Em Portugal, desde há décadas se verificam (diz-se no millieu) ataques e intrusões em sistemas informáticos. Sobretudo a bancos e grandes corporações. Provavelmente muitos dados foram comprometidos. A resposta, no entanto, sempre se pautou pelo silêncio e pela discrição. E, naturalmente, pela adoção de efetivas medidas de correção de vulnerabilidades e implementação de políticas ativas de cibersegurança. Esta é a atitude correta.
    Quando se recorre de imediato à imprensa e se anunciam inquéritos e investigações policiais sem sequer perceber a dimensão dos danos e/ou do comprometimento de dados, algo não está bem. É a manutenção dos hábitos do século XIX para enfrentar os desafios do século XXI. São as vaidades e as preocupações com o umbigo que se sobrepõem à compreensão do fenómeno e à definição de uma resposta coerente.
     É o que temos. O pouco que temos. Infelizmente.

25 abril 2014

Colheita tardia

Quarenta anos depois os princípios de Abril tardam a chegar a certos sirp...perdão, sítios.

23 abril 2014

Vómito

Sentem o odor nauseabundo do vómito? Pestilento.

21 abril 2014

Fontes Abertas

No dia 24/3/14 Leonídio Paulo Ferreira escreve no DN uma curiosa peça intitulada Mini guerra fria para animar venda de armas.
    Utilizando dados do SIPRI, um insuspeito instituto sueco que produz relatórios sobre vários assuntos, entre os quais as vendas de armamento, o jornalista produz um pequeno, interessante e útil artigo, capaz de fazer corar os melhores analistas (que os há...) do SIED.
    O documento de LPF, que não se limitou a copiar dados do SIPRI relativos ao período de 2009-2013, integrou outros dados das chamadas fontes abertas (Le Monde, Bloomberg, etc.), poderia ter sido produzido por um serviço de informações tal a metodologia e os conhecimentos utilizados.
    Escrito em plena crise entre a Rússia e os EUA a propósito da Crimeia/Ucrânia, nem esse aspeto lhe terá passado ao lado. O que só enriquece o documento.
    A Companhia recomenda a sua leitura. E aos brilhantes analistas de informações deixa um conselho: abram os olhos!

Divina Comédia

De regresso à notícia do CM de 12/4/14.
    Parece que o principal arguido colaborou na elaboração do programa do PSD para a área das informações. Mas afinal parece que não participou. Segundo alguém apenas deu contributos. Como se trata do principal partido do atual governo é estranho que ninguém dessa área política tenha vindo a público perguntar como, quando e porquê foram pedidos e entregues esses contributos?
    E seria que o putativo autor dos contributos ainda estava na tal instituição nacional suprapartidária? E sabia que sobre ele impendia o dever de sigilo senão mesmo o segredo de Estado?
    E consideram os políticos normal recorrerem a membros de instituições ditas suprapartidárias para finalidades partidárias? E consideram eles normal serem cúmplices da violação do dever de sigilo e do segredo de Estado?
    E será que ainda há partidos da oposição na assembleia nacional, livres e capazes de questionarem o governo sobre estes alegados factos?
    O que se segue é mais preocupante. Afinal o principal arguido foi convidado para secretário do SIRP. Segundo o próprio convidado. E ninguém pergunta: como, quando, porquê, para quê e por quem?
    Parece que o primeiro ministro não terá sido. Até porque nunca confirmou o convite mistério. Então quem terá sido? O mesmo ex governante apanhado a mentir perante várias comissões parlamentares?
    E Bernardo Bairrão, também referenciado na notícia e ao que parece nos depoimentos judiciais? O que tem a ver com esta comédia?

De traição se falará depois.

15 abril 2014

Área das informações

O CM de 12/4/14 traz mais umas achas para a imensa fogueira em que se tornou o caso das secretas. Passemos alegremente por cima das já conhecidas ligações via maçonaria dos intervenientes. Já não é notícia e a sua inclusão no título não passa de um chamariz.
    Mas há aqui algumas novidades. Que se tornarão tão mais importantes quanto é sabido que terão sido proferidas perante um juiz de instrução.
    A primeira parece ser a afirmação de uma testemunha que diz que o principal arguido participou na elaboração do programa  do PSD para a área das informações.
    Voltaremos ao tema.

06 abril 2014

1 de abril

A apresentação formal do relatório de segurança pelo responsável da pasta deu origem a inúmeras notícias nos diários e semanários portugueses.
    Pela coincidência das datas dir-se-ia que se tratavam de mentiras de 1 de abril. Não eram de 1 de abril. Mas também não eram verdades.

Filiados no ridículo


Um santo, um adjetivo e um substantivo. As filiações. A desdita de para sempre viver com as marcas da filiação. Os espiões obrigados a declararem, não apenas o IRS mas também as filiações. As pressões sobre a maioria e as depressões. A realidade que foge a galope. E finalmente o Case.

Alguém que consegue juntar na sua identificação civil um santo nome, um adjetivo e um substantivo, produzindo um animal com qualidades raras, para não dizer mitológicas ou inexistentes, vem hoje na Ordem de Serviço da caserna lida por menos de 1000 pessoas (pelo menos na sua versão em papel) falar de filiações.
    Qualquer um que tivesse a desdita de ter nascido com tais sinais viveria para sempre marcado por problemas de filiação. Porque na verdade e em regra ninguém escolhe a sua marca perante o mundo. Isto é, a sua identificação. Por isso quer esse alguém obrigar os espiões a declarar filiações. Do pouco conhecimento que a Companhia tem dos nomes dos espiões poucos serão tão ridículos como o nome desse alguém. Talvez por isso se queira confirmar se os nomes estão conformes às filiações. 
    E para tanto esse alguém está na disposição de pressionar a maioria. Para quem se demitiu de vice da bancada por causa das minorias bem se percebe que a pressão se dirija para a maioria. Há quem goste de pressionar e quem goste de impressionar. E quem tenha o síndroma de divergência absoluta com o real.
    Se até agora se brincou, é o momento de parar. A legislação pendente para aprovação foi preparada com base num case study. Alguém duvida de que quando esse case study chegou às informações não tinha qualquer filiação das que interessaram ao legislador? Alguém duvida de que quando o case study adquiriu a tal filiação todos os responsáveis do sistema ficaram a saber disso? Alguém duvida que os responsáveis do sistema sabem as filiações de todos os seus elementos? Alguém duvida de que algumas das últimas admissões só ocorreram em função, e por causa, das filiações?
    O que parece é que mais do que os espiões são os seus responsáveis políticos que estão filiados. No ridículo.

26 março 2014

Revelações maçónicas

Revisitando o DN de 15-3-2014, diz-se na respetiva página 3 que o chefe das secretas está contra revelações maçónicas. Na verdade é preciso ir um pouco para além do título para que se possa inteligir o que se pretende que o milhar de leitores do diário compreendam.

Ao que parece alguém deitou a mão a um parecer, alegadamente enviado pelo secretário de serviço ao presidente da comissão DLG da assembleia nacional. Isto terá acontecido (o envio, não o desvio) em outubro de 2013. Seis meses depois o conteúdo do parecer chega ao DN. Dirão alguns que demorou muito tempo a lá chegar. Outros dirão que andou em manobras de diversão e contra-vigilância. É o tempo suficiente, pensarão outros ainda, para iludir as eventuais interceções (as tais que são ilegais, tanto em Portugal como nos EUA, mas que nos veio dizer o Edward que se vão fazendo) e afastar suspeitas. Como se não estivéssemos a falar dos suspeitos do costume.
    Como temos todos o presidente da comissão DLG como pessoa de bem, fazemos a leitura de que a entrega do parecer ao DN não passou por ele. Todas as outras hipóteses são tecnicamente possíveis. Desde as reveladas pelo Edward até à de alguém, próximo do emitente, entregar a outrem, passados que são 6 meses e já tudo isto cheira a requentado. Outrem, que já demonstrou sobejamente não ser de confiança, entrega ao DN.
    O tal parecer  que não vamos comentar , em primeiro lugar porque não o conhecemos, em segundo lugar porque contém matéria sigilosa, não deverá limitar-se às revelações maçónicas (se é que as inclui). Mas as revelações maçónicas são o motivo encontrado para cutucar os suspeitos do costume.
    Quem são os suspeitos do costume? Em primeiro lugar o personagem cuja fotografia surge ao lado do arrazoado. Depois o primeiro ministro e a sua maioria que tiveram a ideia de alterar a legislação em vigor. E, finalmente, os que no cumprimento da sua missão (e do seu dever, para os que são tão ciosos dos seus direitos) não se deixaram intimidar e levaram por diante a ação.
    A ser verdade, ainda que parcialmente, o conteúdo do parecer tal como publicado no DN há aspetos que merecem comentário. O registo de interesses para os trabalhadores do SIRP não só não é um conceito novo como está em vigor, por força dos preceitos legais, no SIS e no SIED(M) desde a sua génese. E não foi em 2005 a génese do SIRP como alguns teimam em afirmar. Se a prática de registo de interesses alguma vez foi suspensa é, naturalmente, de perguntar ao autor da suspensão qual o fundamento da mesma. É também para isso que existe fiscalização (embora a sua existência esteja mais ligada a pausas para café e almoços).
    Também parece óbvio que não pode pedir-se aos trabalhadores do SIRP que se sujeitem a ónus mais pesados dos que são exigidos a outros profissionais investidos de poderes de autoridade (o que nem sequer é o caso). E isto é válido também em matéria de incompatibilidades funcionais. Tais incompatibilidades podem ser atuais ou supervenientes. Mas tudo isto já consta da legislação em vigor. Se não a específica do SIRP, a legislação aplicável aos trabalhadores do Estado.
    A regulamentação e o parecer que sobre ela incidiu apenas denunciam alguma desorientação acerca do modo como devem ser geridos estes assuntos. O articulado e a infografia do DN apenas contribuem para a desorientação.
    O uso de terminologia cirúrgica no tal parecer, por referência a associações como a maçonaria, diz muito de quem esteve na sua génese. Diz, sobretudo, que o objetivo final não é esclarecer. É confundir ainda mais.

21 março 2014

Letras Gordas

Num fim de semana sem notícias (15-3-14), o DN entendeu que devia brindar os seus 1000 leitores (aprox.) com 2 páginas de Atual-Serviços Secretos, com a habitual chamada de primeira página, a qual se destina a garantir que dos tais 1000 leitores há pelo menos 250 que não se vão ficar pelas letras gordas.

A notícia, se disso podemos falar, é servida pela pena dos conhecidos escrivães dessa quase-ciência a que chamam Serviços Secretos. E tem, obviamente, por base as habituais e regulares (precisão quase-suiça) fontes sobre estas apetecíveis matérias.
    A título de sinal e princípio de pagamento surge a inevitável referência aos suspeitos do costume. Nada de estranho. É o habitual modus operandi. Claro que se é o modus operandi é habitual.
     Ficamos, entretanto, a saber, pasmados, que ex-espiões (só no DN os tais quase-cientistas saberão o que isso é, tal a frequência com que o termo é por eles usado) foram recrutados por empresa de lóbi. Nos bancos da formação ensinaram que a missão dos espiões era recrutar. Agora aprendemos por via do DN que também podem ser recrutados. Nunca é tarde para aprender. E o mundo é uma realidade em mutação constante.
    Para estes portentos da Segurança e da Comunicação basta misturar as palavras espião, recrutamento e lóbi para garantir uma ereção a 2 ou 3 leitores mais necessitados dela. Um viagra sem efeitos secundários.
    A quantidade de disparates por parágrafo é tal que deveria envergonhar qualquer cidadão normal. Sublinham-se as palavras cidadão e normal. Mas não é disso que estamos a falar.
    Espiar as leis preparadas na UE parece ser a atividade para a qual terão sido recrutados os ex-espiões. É batido o recorde olímpico da imbecilidade. Espiar leis?
    Como é óbvio o que se pretende é tornar banal o trânsito de elementos dos serviços de informações para empresas privadas. Comparam-se no entanto situações legais, regulares e normais com tudo o que não o é.  Compara-se o lícito com o ilícito. Assemelha-se o legítimo com o criminoso. A amostra escolhida é ridícula.
    Se fosse intenção dar uma perspetiva séria deste trânsito de pessoas que sairam das informações do Estado para empresas privadas (e públicas) seriam dadas dezenas de exemplos de profissionais honestos que estão (ou estiveram) em bancos (nacionais e estrangeiros), empresas dos setores da Energia e das Comunicações, empresas de Formação, empresas de Segurança. Entre outros exemplos.
    Mas pelo que se pode ler o que está a dar é o lóbi.

10 março 2014

Um país à deriva

Há em Portugal uma opinião unânime nos meios ligados à chamada Comunidade de Inteligência: deixou de haver informações do Estado.
    Gastam-se anualmente milhões de euros para manter em coma induzido a máquina de produção de informações.
    A situação não é nova nem foi criada pelo atual governo da República, que se fez alguma coisa para contribuir para o estado comatoso do sistema foi exatamente o não ter feito nada.
    Desde Novembro de 2004, data em que foi publicado o diploma que moldou o atual sistema que o agravamento da situação é constante e incremental.
    Há quase dez anos que esta teimosa dependência do sistema de um primeiro ministro ausente o mata. Há quase dez anos que um secretário, que constitui uma irrelevância política e uma aberração jurídica, lhe deu o golpe de misericórdia.
    Um país que não sabe para onde vai é um país à deriva. É assim um país sem informações. Um país cego. À deriva.
   
De traição se falará depois.

02 março 2014

Tem cuidado com o que desejas

Alguns anos depois de os EUA terem impulsionado a criação de um estranho Estado no coração da Sérvia -o Kosovo-, baseados no argumento de que a sua população era maioritariamente não-sérvia, algo de muito interessante está a acontecer na Ucrânia, e em especial na Crimeia.
    A soberania e a integridade territorial da Ucrânia poderão ser postos em causa. A Crimeia e partes significativas da Ucrânia poderão seceder do Estado unitário de que fazem atualmente parte.
    O Estado norte-americano e os seus comissários podem dizer o que quiserem. A verdade é que se esta secessão vier a acontecer ela tem o Kosovo como precedente legitimador. Pelo menos à luz de uma nova ordem internacional baseada não nos princípios mas no poder militar.
    Uma coisa é lidar com uma Sérvia frágil saída de um longo período de mais de uma década de guerras, a última das quais contra um inimigo muito superior. Outra coisa é desafiar uma Rússia mais forte e afirmativa do que nunca, por muito que nos andem dizer o contrário.
    Algumas "operações negras" pagam-se caro. E os EUA deveriam estar preparados para pagar esse preço. Mas tudo indica que não estão.
    A UE e as suas principais lideranças governamentais emergem ainda mais fragilizadas (e porque não dizê-lo ridicularizadas) perante um conflito que nunca compreenderam e não souberam mediar. Nomeadamente por terem negligenciado a dimensão externa desse conflito.
    Parece tarde para garantir a integridade territorial da Ucrânia. Mas ainda não é tarde para evitar uma guerra de proporções inimagináveis.

24 fevereiro 2014

Quatro milhões e meio de razões

A CNPD quer cobrar coimas no valor de 4,5 milhões de euros à OPTIMUS - SONAECOM no rescaldo do chamado "Caso das Secretas" que se arrasta, penosamente, desde 2010.
    Alguns comentários ocorrem a este propósito.
    Até que enfim há coragem de aplicar coimas de valor compatível com o nível de riqueza dos aparentes prevaricadores. Coragem que ainda não alastrou aos verdadeiros atores da nossa Justiça, mas é um passo que só pode considerar-se muito positivo. Infelizmente nivela-se por baixo, fazendo com que as coimas sejam pesadíssimas para o cidadão comum e "bagatelas" para os "tubarões".
    Se, e quando, tribunais independentes (constituídos por magistrados e procuradores independentes) forem no futuro confrontados com casos desta natureza deixará de haver contemporizações ou intimidação.
    Num caso em que alguns parecem tão interessados em que seja feita justiça por lhes ter sido violada a privacidade - o que é compreensível -, só não se compreende porque é que a intransigência para com os autores materiais se transmuta em complacência com os mandantes.
    O montante desta coima tem - ou deverá ter - uma relação proporcional com outros tipos de responsabilidade. Parece previsível que a materialização dessas responsabilidades venha a ocorrer mediante um efeito "bola de neve" e que seja do tipo solidário.
    No limite teremos o bom velho contribuinte a pagar pelos caprichos e satisfação de interesses de uns poucos.

19 fevereiro 2014

Prefácio

Sobre o suposto prefácio de um suposto livro de um sul-americano que uma
suposta jornalista supostamente noticia, gostaríamos aqui de fazer um
breve comentário.

Infelizmente não tem este blogue secção de PSIQUIATRIA pelo que nos
ficaremos pelas intenções.

10 fevereiro 2014

O SIRP e as praxes

Perguntam-se os nossos leitores o que de comum podem ter o sistema de informações e as praxes académicas? À partida nada. Esta a análise que resulta à primeira vista para qualquer um de nós. Não iremos aqui desvendar se existem praxes no SIRP e muito menos eventuais pormenores dessas praxes. Os serviços do SIRP são entidades inadequadas para as actividades de praxe, pelo que, se existissem, mais grave do que se supõe seria a situação interna dos ditos serviços.

Mas entrando em modo de sintonia fina, têm vindo a público posições relativamente às praxes
que no passado foram adotadas relativamente ao SIRP . Cada vez mais os atores políticos, do governo e da oposição, falam da eventual necessidade de produzir alterações legislativas relativamente às praxes. Recorda-se que hoje em dia as praxes estão submetidas às leis da República. E isso é o que está correto em qualquer Estado de Direito democrático. Seria paroquial e saloio querer produzir regulamentação sobre praxes e mais ainda introduzir tipos especiais de crimes praticados no âmbito das praxes. Mas sobre este assunto remete-se para o diário saloio e para os seus tudólogos de serviço (se numa praxe são adotados comportamentos subsumíveis num determinado tipo de ilícito criminal é o código penal que deve ser aplicado. Criar leis avulsas sobre praxes ou introduzir artigos específicos no referido código é má técnica legislativa). Mas o que é que este arrazoado tem a ver com o SIRP? Nada. Mas às vezes os blogues são como os diários -saloios ou não- e precisam de inserir nos seus títulos palavras que atraiam "clientela". Mas, no fundo, há uma pequena relação com o SIRP. Pequena... Quando, em 2012, o SIRP não saía das primeiras páginas (e dos noticiários radiotelevisionados) pelas piores razões, logo apareceram todos, governo e oposições, a clamarem as sempre convenientes "alterações legislativas". O paliativo que fica sempre bem administrar quando alguma coisa corre mal, normalmente pela incompetẽncia de alguns ou a simples prática de crimes por parte de outros. Mas em vez de aplicar a lei que existe, a turba põe-se a legiferar... 
 
Se aplicassem a lei em vigor ao tempo de certos factos (como mandam os preceitos gerais -ainda- aplicáveis na nossa ordem jurídica) haveria crime e castigo. A atabalhoada legiferação em curso (ALEC) apenas pretende garantir que não haverá castigo. Como lhes convém.

De traição se falará mais tarde!

05 fevereiro 2014

6 anos de companhia



Quem diría que ao fim de seis anos a Companhia ainda cá está. Com altos, baixos, risos, lágrimas, saúde e doenças aqui continua. É um ser vivo. E como todos os seres vivos tem as suas necessidades básicas...e como tal vamos comemorar. Atenção aos próximos dias.

Parabéns Companhia!

25 janeiro 2014

O exemplo da China

João Garcia escreve no Expresso de 25 de janeiro de 2014 : "Na China
convivem agora a economia planificada, o sistema capitalista e "o dos
nossos"."

Há insofismáveis semelhanças entre a China e certos organismos, que só
não serão nomeados porque todos sabemos quais são. Neles, todas as
atividades convivem com três sistemas: o "respeito pela lei" (raro, o
que acontece apenas quando algum "tresmalhado" assume protagonismo), o
de "violação da lei" (frequente, sobretudo porque o conhecimento das
fragilidades do sistema jurídico funciona como propulsor) e "o dos
nossos" (mais frequente ainda, pelas duas razões anteriores aliadas à
soberba e à incompetência).

Como a China já existia, ainda os tetravós de toda esta gentalha andava
a passear do lado esquerdo para o direito de certa zona do órgão
reprodutor masculino, é de presumir que também nesta área o que lhes
falta em criatividade e dignidade sobra-lhes em subserviência e nulidade.

Da traição se falará um dia.

23 janeiro 2014

Aviso



Desistam!

Só entra quem é convidado.

Vão chatear o careca.

21 janeiro 2014

O SIRP e o Código da Estrada

A linguagem estradal entrou definitivamente no dia a dia do SIRP. O tema agora é "Ultrapassagem".

Mas já foi "Via rápida", "Sentido proíbido" e "Perigo/Danger".

Presume-se que em breve poderá ser "Trânsito congestionado" e, mais tarde ou mais cedo, "Estrada sem saída".

19 janeiro 2014

Com dirigentes assim, quem precisa de inimigos? (9)

O material informático também veio à conversa na AR nas palavras do
secretário do SIRP. Presume-se que o que existe seja muito usado.
Noutros tempos, que não os que atravessamos, dir-se-ia tratar-se de
material obsoleto.

E o secretário, preocupado, acusa as dificuldades financeiras do que se
passa nessa área ao mesmo tempo que reconhece que 10% do orçamento está
disponível para operações. Devemos pois concluir que o que há é um
problema de gestão e de prioridades.

Se a cibersegurança fosse uma prioridade, como o secretário afirma, o
material informático não seria obsoleto. Se a missão das secretas fosse
prevenir e proteger o Estado português das ameaças vindas do ciberespaço
o que dizer de alguém que nos protege "de mãos atadas"?

Sobre o material informático, a cibersegurança e a proteção do Estado
português parece haver alguém a confundir "a prima do mestre de obras"
com a "obra prima do mestre". E nós elegemos aqueles senhores que estão
na AR para quê?

Com dirigentes assim, quem precisa de inimigos? (8)

Preocupa-se o secretário do SIRP com as entradas de pessoal nos serviços
que tutela. Parece que desde 2008 não se verificam novas entradas.

Uma vez mais parece que nos serviços do Estado português se vive na
Terra e nas secretas se vive em Marte. Em que outros serviços públicos
tem havido admissões quando a lei as proíbe? E já as proibia em 2008,
portanto seria útil perceber como é que LEGALMENTE elas aconteceram.

Se o problema das secretas fosse falta de pessoal teria certamente no
universo dos funcionários públicos milhares de candidatos a potenciais
"espiões". E bastava selecionar, recrutar e formar. Claro que para isso
seria preciso orçamento. Mas afinal de contas tem havido tantas
passagens à reforma...

E SE existisse uma política de pessoal já se teria certamente resolvido
o problema da "transmissão de conhecimentos". E não sairiam os melhores
para outros serviços públicos e para empresas privadas. SE existisse uma
verdadeira política de pessoal premiava-se o mérito e corrigia-se o
demérito.

Mas não há uma verdadeira política de pessoal. Há tão-só AGENCIAMENTO. E
conivência.

Com estes dirigentes, quem precisa de inimigos? (7)

A fusão dos serviços de informações terá sido discutida na audição do
secretário do SIRP na AR.

Com um "sistema" em desmoronamento acelerado a solução é sempre a fuga
para a frente. Ou como no clássico de Lampedusa, "Gattopardo", sobre a
decadência da aristocracia siciliana no século dezanove, é preciso fazer
alguma coisa para continuar tudo na mesma.

A fusão já foi feita em 2004. Desde 2008 que andam a cantar hosanas ao
magnífico sistema de departamentos administrativos comuns que não só não
terão produzido economias de escala, como serão um exemplo de
ineficiência. E há unanimidade no reconhecimento de que o serviço
interno prestado é pior quando comparado com o período anterior ao
"comunismo".

Mas a tudo isto, aquele "centro de negócios" em que se tornou o lugar
onde se decidem estas coisas, responde com a panaceia da "fusão".

A mesma que existe na lei e na prática desde 2004. Então o que querem
estes senhores?

Querem um serviço "único". Uma única designação. Mas querem que continue
a existir um secretário do SIRP, com um supergabinete atulhado de
crânios, um diretor geral para as informações externas e um diretor
geral para as informações de segurança. Ou seja: continuar tudo na mesma!

Alguém viu algum estudo independente (não confundir com estudos feitos
por licenciados na antiga universidade independente e quejandas) que
descreva as vantagens e desvantagens (sobretudo financeiras) das
diversas soluções? E alguém já equacionou a "concessão" das informações
de segurança às polícias (PJ, PSP, GNR, SEF)? E porque não as
informações externas atribuídas em "concessão" ao MNE?

São sistemas que existem noutros Estados e têm a vantagem de serem mais
económicos, integrados e funcionais. Mas se calhar o problema é mesmo
esse: a funcionalidade...

Com estes dirigentes, quem precisa de inimigos? (6)

Veio o secretário do SIRP afirmar que só 10% do orçamento é usado para
atividades operacionais. Como ele é responsável não por um mas por TRÊS
orçamentos, talvez fosse útil que os senhores deputados "auditores"
pedissem a aclaração da afirmação. É a média? Há orçamentos
deficitários? Há transferências interorçamentais?

Mas nada. Talvez fosse de explicar a quem profere este tipo de
afirmações que a generalidade dos serviços do Estado consomem 100% das
suas receitas orçamentais com as ditas "despesas administrativas com
pessoal" e despesas correntes de funcionamento, como bens e serviços. E
estão nessa situação porque o governo não tem sido com eles tão
benevolente com tem sido com serviços cujos dirigentes reconhecem
publicamente estarem "de mãos atadas".

Há uma estranha noção de equidade na distribuição dos recursos do Estado
pelos serviços públicos. Mesmo quando os dirigentes reconhecem que estão
"de mãos atadas".

Com estes dirigentes, quem precisa de inimigos? (5)

As "dificuldades financeiras" das secretas tiveram como resultado, ao
que disse o secretário do SIRP na AR, uma "redução da produção" e uma
"revisão das prioridades" nos serviços de informações.

PRODUÇÃO? O que é que se produz de mãos atadas? Hummmm... Além disso
muitos dirigentes das secretas são conhecidos pela alcunha das suas
atividades no terciário (merceeiro, taberneiro, cozinheiro...) não no
setor primário.

Quanto à revisão: sabemos que muitos dirigentes (e ex-dirigentes) das
secretas se familiarizaram nos anos 70 com o revisionismo. Nunca se
imaginou foi que viessem a público admitir tal facto.

Com estes dirigentes, quem precisa de inimigos? (4)

A preocupação relativamente à forma como as questões orçamentais estão a
atingir os serviços secretos manifestada pelo secretário do SIRP, em 14
de janeiro de 2014, na AR, poderia indiciar coisa boa.

Em 2010 um antigo dirigente das secretas, depois de uma passagem fugaz
pelo SIED, invocou razões orçamentais para se demitir.

Será que daqui a três meses veremos este titular a secretariar uma
qualquer outra organização de tipo empresarial?

Nas secretas suspira-se: "DEUS QUEIRA!"

17 janeiro 2014

Com estes dirigentes, quem precisa de inimigos? (3)

No dia 14 de janeiro disse também o secretário estar "sem condições"
para afirmar a existência ou inexistência da célula da NSA.

"Sem condições" sabe-se que está há muito tempo. E à semelhança de tudo
quanto é político em Portugal ninguém retira disso qualquer ilação. E
muito menos os protagonistas diretos.

Mas o que resulta curioso é a inversão de prioridades, inusitada para um
alegado jurista. A falta de condições deve-se PRIMEIRO à falta de acesso
a condições técnicas e SEGUNDO a preceitos legais que condicionam uma
intervenção imediata.

Respeito pela lei? Se dúvidas existissem...

E uma pertinência final: que crânios, certamente pagos a peso de ouro,
debitam estas construções teóricas? Cuidem-se! A Goldman Sachs está de
olho em vós!

Com estes dirigentes, quem precisa de inimigos? (2)

Na audição disse também o secretário que as "mãos atadas" se deviam a
"limitações legais" e a "condições técnicas".

Uma pergunta sobre as "limitações legais": o pacote legislativo pendente
para aprovação na AR não responde a tais limitações legais? Alguém é
muito distraído. Desde logo os partidos da maioria que tanta pressa
tiveram em produzir uma das maiores aberrações jurídicas vistas pela
comunidade das informações em Portugal.

Sobre as "condições técnicas" há, certamente, uma contradição no axioma:
havendo limitações legais como poderiam existir condições técnicas? Será
que estamos a falar de uma mera deficiência na construção da lógica ou
de um terrível hábito de práticas contrárias à lei?

Numa república séria em que alguém tivesse real conhecimento dos
assuntos discutidos em comissão teria havido verdadeiro confronto
político e técnico. No bananal os suspeitos do costume qualificam o
sofrível desempenho do personagem como "interessante". Do mesmo modo que
seria "interessante" o coito praticado por formigas.

15 janeiro 2014

Com estes dirigentes, quem precisa de inimigos? (1)

O secretário geral do SIRP foi ouvido na 1.ª comissão da AR no dia 14 de janeiro de 2014.

Sobre as eventuais células da NSA a operar em Portugal disse (Público, de 15 de janeiro de 2014) que os serviços “estão de mãos atadas” para fazer frente às suspeitas de atividade em território nacional.

Não se percebe se isto foi um desabafo, um convite ou um fétiche (há quem goste de fantasiar sexualmente com as mãos atadas ou algemadas…).

Desabafo não deve ter sido. Ao fim de quase dez anos de exercício do cargo devemos concluir que gosta deste estado de coisas (que não é novo…), senão teria tentado alterar a situação ou pedido dignamente a sua exoneração.

Restam as hipóteses de convite, para que os espiões estrangeiros nos devassem ainda mais enquanto Estado e nação, ou de caprichoso fétiche.

08 janeiro 2014

A célula

Quer o Bloco de Esquerda ouvir na assembleia o secretário geral do SIRP. Em causa estará a noticia de uma célula conjunta da NSA e da CIA a operar em Portugal.

Quer o BE saber se o SIS tem disto conhecimento. Naturalmente que o desiderato do BE é meramente político, destinando-se a colocar mais pressão sobre o governo e colocando-se a si mesmo na agenda dos media. A audição do SG visa obviamente atingir a governação e, dentro desta, o primeiro ministro. É um evento ao estilo “fait-divers” para justificar a presença parlamentar do Bloco, agora que se avizinham eleições europeias que se supõe irão ser duras.

Curioso, mas não estranho (porque há muito que a estranheza anda zangada com as informações em Portugal), é que a notícia do EXPRESSO sobre a tal “célula conjunta”, que fez primeira página no Natal de 2013, tenha sido dada por alguém que semanas antes palestrou num seminário organizado pelo SIRP.

Coincidência?
Nem por isso.

E os desejos de um bom 2014.

15 novembro 2013

Os fantasmas

Recebemos por e-mail o seguinte texto:

«
E.M.F. Duarte Pinheiro

Os fantasmas revisitados

Rui Pereira escreveu em 3 de outubro na sua coluna de opinião no Correio da Manhã uma peça de divulgação de um seminário (mais um…) sobre os serviços de informações.

Por ter sido aqui publicado o referido artigo, desnecessário se torna recorrer à sua citação.

Importa, contudo, tecer alguns comentários breves.

Breves porque a qualidade da seriedade colocada na abordagem não inspira mais. Breves porque só quem não tem mais que fazer ou que pensar anda, recorrentemente, em torno desta temática.

A discussão “sem tabus” de que nos fala o TP (t de tudólogo) só dá para rir. Se há coisa que esta gente (TODA esta gente) mais tem trazido para esta discussão são tabus.

Primeiro tabu: nunca se discutiu o sistema de informações a partir da sua “base zero”. A abordagem sobre a arquitetura do SIRP parte sempre do princípio da necessidade e justificação de existência de serviços de informações em Portugal. Já que PARECEM todos tão interessados em “cortar”, porque não cortar na própria existência de serviços de informações. Ou pelo menos discutir, seriamente, a sua existência e história recente?

Segundo tabu: não trazer para o debate uma questão seminal que é a de saber se “as informações” devem ser uma função (ou capacidade) do Estado ou tão só um organismo, conjunto de organismos ou instituições. Se é verdade que a Constituição da República prevê a existência de um SIRP, nenhum comando impõe uma arquitetura determinada. E, neste sentido, nada obsta que a função de informações seja integrada com as funções de segurança, de defesa militar ou até de política externa. E também aí teríamos um claro ganho de sinergias e vantagens financeiras. Mas será essa a motivação destes “fantasmas”?

Terceiro tabu (com algumas semelhanças com o terceiro segredo): o “dogma” da existência de um secretário geral transformado em dirigente máximo do sistema, com poderes de gestão operacional, administrativa e financeira. Ao mesmo tempo que subsistem uns obscuros diretores (estranha mas legalmente) equiparados a diretores gerais. A racionalidade e o bom senso não passaram pelo SIRP em 2004 e, desde então, de lá têm andado muito afastados. Alguém cuida de saber o que custa ao país ter um secretário geral com um gabinete de dimensão superior ao de muitos ministros? E o que custam serviços de apoio depois replicados nos próprios serviços? E porque é que se criou o cargo de secretário geral? Qual a sua origem remota e a natureza do cargo?

Muito mais tabus poderiam ser elencados.

A despropositada referência à PIDE revela o grau de desfazamento da opinião com a realidade. A não ser por razões de conhecimento histórico ou estudo científico a associação entre informações e a PIDE só pode ser feita por quem tenha os seus (poucos) genes intelectuais marcados pela perseguição política, nomeadamente ao ideário comunista (até porque os totalitarismos são exclusivistas e não toleram qualquer “concorrência”).

Provoca gargalhadas a afirmação de que os serviços de informações são próprios de democracias. Por essa lógica também o são de ditaduras e de totalitarismos. E se é verdade que há democracias sem serviços de informações (não confundir com democracias sem função ou capacidade de informações) não há ditaduras que não se apoiem em pesadas maquinarias e serviços de informações. Estes são nas ditaduras um instrumento VITAL para a sua perpetuação. O mesmo não se pode dizer das democracias. Mas entrar nesta discussão com quem entende mais de alheiras e de vinho tinto é pura perda de tempo.

Diga-se, porém, que é nos estados ditatoriais e totalitários que os dirigentes máximos dos serviços de informações ascendem a altos cargos políticos. E os exemplos são tantos que nem vale a pena insistir no argumento. Esse movimento é raro em democracia (ou inexistente em democracias antigas e consolidadas). O mesmo não é válido para democracias jovens e frágeis.

TP contribuiu com a sua argumentação para o constante ruído em torno do assunto das informações. Ruído incomodativo e inútil, entenda-se. A defesa do serviço único “que teria o mérito de evitar sobreposições inúteis e redundâncias duvidosas” por quem teve responsabilidades políticas ao mais alto nível, omite (porque assim o quer) que desde 2004 temos em Portugal um sistema (por eles designado) de “fusão de topo”. Este “modelo” apresentado (e depois defendido em escritos vários, que são públicos) como a quinta-essência da virtude nas informações traria o melhor que a capacidade de informações do estado poderia ter, sem os “riscos” do monolitismo de um serviço sem “sintonia fina”.

Se entre 2005 e 2013 não houve mudanças significativas na liderança do SIRP e dos serviços e se há “inutilidade nas sobreposições” e “duvidosas redundâncias” (eles lá sabem do que falam, mas não partilham) é porque os mais altos cargos operacionais do SIRP assim o desejaram. Ou se o não desejaram foram TOTALMENTE incompetentes para o evitar.

Discutir se devem existir um, dois ou três serviços quando na realidade eles são dirigidos, a todos os níveis (e a legislação pendente de aprovação na AR apenas reforça essa direção), por um único dirigente máximo é querer evitar apenas uma coisa: uma discussão HONESTA sobre a competência da liderança.

Apenas mais umas notas sobre o seminário. É elucidativo que os palestrantes convidados sejam, numa expressão que fez escola no tempo da PIDE, “vira o disco e toca o mesmo”. Seria uma comédia se não fosse um claro sintoma de insanidade, na inteligente perspetiva de Albert Einstein, daqueles que fazem as mesmas coisas vezes sem conta e esperam resultados diferentes. E a culminar sobre tudo isto não é, HONESTAMENTE, reconhecido a nenhum destes ilustres personagens qualquer experiência, contacto ou currículo relevante na área. E os poucos que têm currículo, limitado no tempo e pela natureza das funções exercidas, são associados a estes eventos numa tentativa paroquial e evidente de garantir a sucessão dos mesmos que tendo tido todos os recursos e tempo à sua disposição falharam.

Fantasmas que sucedem a fantasmas.»